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Como economizar nas passagens para o Chile – e não cair em furadas?

De julho de 2018 a julho de 2019 eu peguei 12 voos. O correspondente a um para cada mês. E dentre todos eles, 10 foram com a LATAM. Uma ótima estatística para quem, até exatamente julho de 2018, nunca tinha viajado com a companhia. Spoiler do futuro: de julho de 2019 a fevereiro de 2020, foram mais quatro voos. Três com a LATAM.

Sendo assim, passei a me considerar uma quase-especialista na companhia aérea. Foram dois voos internacionais na Europa, seis voos internacionais na América Latina e dois nacionais. Então espero fazer uma futura resenha detalhada para vocês. O único porém é que ela começa bem antes do portão de embarque. Mais especificamente, em fevereiro de 2019, quando decidi passar 10 dias entre a região de Santiago e o Deserto do Atacama.

Como economizar nas passagens para o Chile

Quando escolhi ir para o Chile, fiz uma série de pesquisas para garantir que economizaria ao máximo. E dessa forma, depois de ver que os menores valores eram da LATAM, eu descobri um jeito de economizar nas passagens para o Chile. Se você compra passagens domésticas no site chileno da companhia, você pode pagar muito mais barato. Eu não sei por que ou como isso acontece. Mas os resultados são verdadeiros.

Primeiro eu preciso explicar as lógicas dessa viagem. Eu passaria alguns dias em Santiago antes de ir para o Atacama. Como a cidade-base do deserto, San Pedro de Atacama, não tem um aeroporto, é preciso voar para o aero mais próximo, que fica em Calama. Sendo assim, era uma dinâmica simples, parecia com as que organizamos em viagens com várias paradas.

Passagens para Calama

Eu precisava de quatro trechos. São Paulo > Santiago (01/07), Santiago > Calama (06/07), Calama > Santiago (11/07) e Santiago > São Paulo (11/07). Quando eu cotava todas as pernas em uma reserva só pelo Google Flights, ou seja, fazia a busca com diversos destinos, o valor das passagens ultrapassa os R$ 2.000. Se eu orçasse duas reservas (uma para os voos entre São Paulo e Santiago, e outra com os voos enre Santiago e Calama), o valor caía quase R$ 400.

Isso porque a compra pelo site chinelo da LATAM, no caso de voos domésticos apenas, elimina taxas e te dá um verdadeiro presente. Eu paguei R$ 277 nos trechos internos, o que é uma verdadeira pechincha. E bom, como fazer isso? Tudo o que você precisa fazer é ter um cartão internacional, de algumas bandeiras específicas (eu paguei com Visa) e não se esquecer de, na hora de informar o documento, colocar o seu CPF. Pronto! Você acabou de economizar algumas centenas de reais.

No total eu paguei R$ 1.590 pelos quatro trechos: R$ 277 em voos domésticos (Santiago > Calama > Santiago) e R$ 1.313 nas pernas internacionais (São Paulo > Santiago > São Paulo). Esse é um valor padrão para a alta temporada, principalmente pensando que havia um feriado regional, o de 09 de Julho em São Paulo, no meio da minha viagem.

Contudo, pensando na COVID-19, eu não sei mais o que será dos preços de passagens. Até porque o dólar não está sorrindo para os brasileiros ultimamente.

Escolhas erradas e desesperos

Agora eu preciso falar de um assunto não muito palatável. A escolha errada de horários de voos. Eu sou uma pessoa muito neurótica com horários e passo mal com a ideia de perder um voo. Escolho conexões longas. Pago mais caro. Durmo no aeroporto se for preciso. Mas tento evitar situações que possam me comprometer, principalmente no aspecto financeiro.

Perder uma conexão pode significar a necessidade de pagar uma pequena fortuna para remarcar aquela passagem. E sinceramente? Ninguém quer ter que passar por isso.

Mas aparentemente eu quis correr o risco. Depois de comprar os trechos internos, e empolgada com o dinheiro que tinha economizado, eu fiz uma escolha muito, muito errada. Eu queria ver a Cordilheira dos Andes do avião. Queria aquela vista maravilhosa da qual todos comentam. Da neve por toda a parte. Rasgada pelas laterais das montanhas. Que formam um infinito tapete sob o reforçado vidro das janelas. Mas o que eu quase vi foi um estrago na minha conta bancária.

Nunca subestime uma conexão

Na hora de escolher os voos internacionais, eu errei. Para economizar, escolhi o voo mais barato da ida, que era um trecho noturno. Isso porque havia um voo diurno para a volta, por volta das 11h30, que resolveria a minha ânsia pela Cordilheira. Eu sabia que meu voo chegaria em Santiago às 09h, e que poderia ser pouco tempo para fazer a conexão. Sabia que seriam reservas diferentes, o que significava que, se o primeiro voo atrasasse e eu perdesse o segundo, não teria garantia nenhuma da companhia. Eu ficaria no prejuízo. Muito no prejuízo.

Respirando alivida porque sabia que não ia ter problemas com a minha volta

Mas eu decidi comprar mesmo assim. Por causa de uma besteira que parecia ser a chance de uma vida inteira. E passei alguns meses remoendo a possibilidade de perder o voo de volta para o Brasil (eu realmente cogitei morar no aeroporto de Santiago até conseguir um preço razoável de passagem, mas vocês vão ver que não precisei chegar a esse nível).

Junho. Palpitações e ansiedades e mais desesperos.

Eu passei os meses de março, abril e maio relativamente bem. Mas quando junho chegou, eu entrei em pânico. Depois de escolher uma agência cara para os passeios do Atacama, percebi que ia ficar no limite do meu orçamento para a viagem. E que o percentual de emergências não cobriria um potencial voo de última hora. E que eu teria que gastar um dinheiro que não estava no orçamento de viagens.

Sou uma pessoa muito organizada e metódica com as minhas finanças. Então, a ideia de ter um gasto inesperado fora da margem de emergências me fez passar mal por dias. Eu cansei de me chamar de burra e fútil. Eu realmente teria feito algo para economizar nas passagens para o Chile? Custava ter pegado o voo das 18h? Eu não poderia me contentar com as vistas dos trechos internos? Ambos pela manhã?

Passei dias com as mãos formigando e o coração gritando. Até que algumas coisas começaram a acontecer. Primeiro a LATAM me enviou um e-mail avisando de uma mudança de horário no meu voo de ida. Ele sairia cinco minutos mais tarde, e por isso, eu deveria acessar o site para avaliar a questão e talvez mudar, gratuitamente, meu voo. Bom, cinco minutos não fariam a menor diferença na minha vida, então só liguei para a central e me certifiquei que tudo continuava certo com a reserva.

Mas os alertas continuavam aparecendo. Toda a vez que eu entrava no site da companhia. E aquilo começou a me intrigar. Era eu entrar no site que a página de troca de horário de voos surgia. Por fim, eu aceitei que era só um procedimento de segurança jurídica que a LATAM tomava. E deixei para lá.

Soluções no fim do túnel

Até que um anjo da guarda apareceu na minha vida. Na verdade, eu fui até ele. Alguns dias antes do meu embarque, que aconteceu dia 01/07, eu decidi ir até uma loja da LATAM. Estava desesperada com a ideia de perder o voo e resolvi tentar de tudo. O que incluía implorar para um consultor mudar minha reserva de graça.

Chegando lá, expliquei toda a situação e não obtive uma resposta muito otimista. Até que ele disse palavras um tanto quanto mágicas. “É, seu voo teve uma alteração de cinco minutos. Se fosse de pelo menos meia hora, você conseguiria trocar o horário de qualquer um dos trechos”. Na hora eu respirei aliviada. O que pra ele não mudaria em nada a minha situação, foi a minha solução.

Saindo de São Paulo

Voei para casa e recorri à minha última esperança. Ora, se a página de alterações de voos não parava de aparecer para mim, eu ia tentar fazer essa mudança. E deu certo. Por causa desses cinco minutos e algum bug no sistema, a LATAM liberou a alteração gratuita nos horários dos meus voos. Então eu fiz o que deveria ter feito desde o começo: escolher o horário das 18h no lugar do voo das 11h30. E meus músculos relaxaram como nunca antes.

Entendendo regras e reservas

Depois desse quase-perrengue, eu explico que esse mega texto tem dupla função. A primeira é registrar o ocorrido e entreter você, caro leitor. E a segunda é garantir que você não vai cometero mesmo erro que eu. Você vai, de preferência, só comprar vários trechos em uma única reserva. Mas caso isso não seja possível, vai escolher voos beeeeem espaçados. Para mitigar a possibilidade de apertos. Estou falando de mais de R$ 2.000 de prejuízo aqui.

Enfatizo isso porque muita gente não sabe muito bem como essas coisas funcionam. E o primeiro passo é entender as reservas. Quando você compra suas passagens todas juntas, independente da quantidade de trechos ou de diferenças entre as companhias operadoras, elas formam uma reserva. Lembrando que isso vale para compras nos sites das empresas aéreas. Muitas vezes, buscadores e outros agregadores e agências anunciam reservas distintas em um pacote só, então fique atento quanto a isso.

Você identifica as reservas pelos seus códigos. Então, uma reserva tem um código alfanumérico, e para conferir quais passagens estão contempladas nela, basta entrar no site da companhia e informar esse código. Você será redirecionado para a página da reserva, e todos os voos incluídos estarão lá.

O que pode acontecer?

O que isso significa, na prática de voos perdidos? Significa que, se por acaso você perder um voo por causa do atraso de um anterior, que esteja incluído na reserva, a companhia aérea arca com todos os custos. Eles serão responsáveis por te alocar em outro voo e cobrir outros gastos, como alimentação e hospedagem no período entre trechos.

Custava ter me contentado em ficar apenas com essa vista, do voo para Calama?

Agora, se você comprou vários trechos separadamente, independente de serem da mesma companhia aérea, quaisquer imprevistos em conexões serão cobertos com o dinheiro do seu bolso. O primeiro voo atrasou e você perdeu o segundo? Você vai ter que pagar. O primeiro foi cancelado e a companhia te realocou em um voo cujo horário não bate com o voo seguinte? Olá, cartão de crédito. 

Como evitar problemas

Além do meu caso, vou dar outro exemplo. Você aproveitou uma promoção e comprou passagens do Rio de Janeiro para Lisboa pela TAP. Mas a sua viagem pela Europa também englobará outros países, e sendo assim, você comprou mais uma série de passagens. Sua viagem terminará no dia 20, quando seu voo para o Rio sai às 22h de Portugal. Mas nesse dia você ainda estará em Londres, e comprou um voo da Ryanair para a capital lusitana que deve chegar às 19h em Lisboa.

Se o seu voo de Londres para Lisboa for cancelado, alternado ou atrasado, e isso te impedir de pegar o voo de volta para o Brasil, comece a pensar nos bens que vai ter que vender para pagar a dívida. Porque a TAP nada tem a ver com os problemas da Ryanair. E eles não vão te ajudar financeiramente.

Estou falando para nunca comprar voos em reservas separadas? Não. Estou dizendo para você tomar cuidado e ser prudente. Uma coisa que pode ajudar é esperar para fazer o check in do segundo voo. Tomando nosso último exemplo, algo que pode amenizar a situação é esperar até o último minuto para fazer o check in de Lisboa para o Rio. Já dentro do avião em Londres, com as portas em automático, faça o check in. Ou apenas espere até chegar na capital de Portugal.

Aguardando tranquila na minha conexão de quase 10 horas em Santiago

O check in é a confimação de que você garantirá sua presença no voo. Então, conseguir uma remarcação pode ser mais fácil se ele não tiver sido preenchido. Outra ideia é pagar mais caro por uma passagem flexível, que permita mais alterações. Mas isso precisa ser feito em conjunto com a ação anterior. Pagar caro por uma tarifa flexível e fazer o check in antes de ter certeza que conseguirá chegar a tempo não adianta nada.

Moral da história

Por fim, só queria deixar uma mensagem que tem passado pela minha cabeça nos últimos tempos. Sejam responsáveis em viagens. Curtam muito, aproveitem, se joguem, façam coisas que nunca imaginaram fazer, conheçam pessoas, arrisquem (um pouco). Eu faço tudo isso. Mas faço com responsabilidade (quase sempre, como viram anteriormente). Depois de um tempo vira uma história legal e a gente adora dar risadas com ela. Mas na hora, pode ser um problema gigantesco de solução impossível.

Economizar nas passagens para o Chile ou qualquer outro lugar pode não ser tão mágico assim. É preciso analisar a situação como um todo. Tirar R$ 2.000 das minhas finanças, de uma hora para a outra, seria um susto gigantesco. Meu salário da época ainda nem chegava a isso. Então, façam contas. Sejam responsáveis. E não flertem com a falência.

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