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O que fazer em uma viagem de três dias em Madrid

Madrid é uma cidade incrível. Os prédios são baixos. O urbanismo é funcional. A relação das ruas com os pedestres e carros é completamente diferente do que temos pelo Brasil. A arquitetura é pura história. Os restaurantes invadem as calçadas. Há museus em uma esquina e outras mil. Os bairros não são excludente. E aqui eu falo sobre o meu roteiro ideal para uma viagem de três dias em Madrid.

Lembrando aqui que ela não é perfeita. Ela tem problemas como todas as grandes cidades do mundo. Assim como a Espanha, que inclusive passa por um momento delicado de escândalos de corrupção. E eu tenho medo de ser confundida com aquele pessoal que endeusa a Europa e ama falar mal do Brasil. Então escrevo esse parágrafo só por precaução.

Eu amei Madrid. Mas isso não significa que eu odeie o Brasil. Muito pelo contrário. Quanto mais viajo e conheço os detalhes do mundo, mais eu amo o meu país. E sei que não pertenço a nenhum outro lugar do globo.

No mais, vamos ao roteiro.

Passei três noites na capital espanhola, mas apenas dois dias inteiros. Cheguei em um início de madrugada e fui embora na tarde do “quarto” dia. Então adaptei o meu roteiro com o que teria sido mais funcional junto de coisas que gostaria de ter feito, mas não tive tempo, e voilà. Espero que gostem e adaptem esse roteiro ao que for melhor para a sua viagem.

Dia 1 | Palácio Cibeles, Museus e Malasaña

Antes de tudo, não acorde muito cedo. A Espanha é maravilhosa por vários motivos, e um deles é só começar o dia depois das 10h. Então eu recomendaria acordar lá pelas 09h, para sair às ruas um pouquinho antes das 10h.

1. Café da manhã e Salesas

Então, comece o seu dia com um café da manhã típico. E eu indico uma tostada com tomate, que é uma delícia e você vai encontrar em qualquer café da cidade.

Se estiver hospedado perto da região onde eu fiquei (Malasaña, Chueca e Salesas), recomendo a Gran Cafetería Santander.

A tostada e um chai saíram por 3.80 euros

Ela fica na Plaza Santa Bárbara, tem preços ótimos, pratos tradicionais e o melhor: madrilenos que tomam café da manhã ali.

Nada mais legal do que fazer os mesmos programas que os locais. Então já comece o seu primeiro dia em Madrid assim.

Mesas da Gran Cafetería Santander na Plaza de Santa Bárbara

E caso você já estiver por essa região, ande pela Calle de Genova e sinta como o bairro de Salesas é uma delícia. Arborizado, como toda Madrid, e com uma combinação agridoce de tranquilidade nas calçadas com carros a todo o momento nas avenidas.

Calle Orellana

Aproveite para começar a fazer o que eu mais amo em qualquer viagem: se perder pelas ruas. Você vai encontrar prédios incríveis e a sensação de realmente estar naquele lugar. Pontos turísticos demais perdem essa autenticidade.

Então fuja das avenidas principais de vez em quando — ou sempre — para sentir a personalidade da cidade.

Alguma rua entre a Calle de Hortaleza e o Paseo de Recoletos

2. Recoletos e Palácio de Cibeles

Assim que você chegar até o Paseo de Recoletos, vai perceber. A Calle de Genova termina e você se depara com um monumento a Cristóvão Colombo. E a partir dali, ao norte temos o Paseo de la Castellana no bairro de Salamanca, que você vai visitar em outro dia, e o Paseo de Recoletos ao sul.

Siga nesta direção pelo canteiro central (por favor!) e comece seu caminho até o Palácio de Cibeles, um prédio de arquitetura impressionante que foi construído no começo do século XX.

Mas antes de chegar à atual sede da prefeitura de Madrid e centro cultural, ande calmamente pelo caminho cheio de árvores, bancos e exposições.

Sim, o Paseo de Recoletos também abriga exposições, e quando eu passei por ali, vi as fotografias da “Iguales en Derechos”.

Uma mostra de 30 imagens que denunciam as desigualdades do mundo. De gênero. Classes sociais. Raciais. Esse tipo de exposição sempre é agridoce. As imagens doem. Ao mesmo tempo que tê-las expostas diz muito sobre nossa relação com elas. O que é bom.

Continue na Recoletos até se deparar com um Palácio branco e lindo a sua frente. É o Palácio de Cibeles. Atravesse a rua e entre. É de graça. E vale muito a pena.

Ali dentro você encontra um posto de informações turísticas e o mapa do prédio. No térreo, conheça a cafeteria e preste atenção nos belíssimos tetos.

Depois conheça os andares superiores, as pequenas bibliotecas pelo caminho e as exposições que preenchem as salas e corredores.

O lugar é muito fotogênico, aliás. Se você quiser colocar sua câmera em locais duvidosos para tirar fotos em uma escada, por exemplo, vai dar super certo. Sério.

3. Museo del Prado

Depois de sair do Cibeles, conhecer a sua fonte e continuar a andar por Recoletos, mais uma vez atravesse para a esquerda. Dessa vez, você encontrará o Museo del Prado, também conhecido como o prédio onde está o quadro As Meninas, do Velásquez. E muitas outras obras importantíssimas para a História da Arte.

Os destaques ficam para o próprio Velásquez, Goya e El Greco. Mas o museu tem uma coleção impressionante de obras europeias que são a loucura dos viciados em arte.

Aliás, não fique só nas obras mais conhecidas, como muita gente faz no Louvre. Pegue um áudio-guia e se perca pelas dezenas de salas e andares do Prado. Conheça suas esculturas e também pinturas retiradas de igrejas da região de Castilla y León.

Aberto todos os dias das 10h às 20h (e até às 19h de domingos e feriados). A entrada custa 15 euros, porém, o museu tem entrada gratuita todos os dias das 18h às 20h (segundas a sextas) e das 17h às 19h nos sábados, domingos e feriados.

Além disso, estudantes de até 25 anos com carteirinha internacional têm direito a entrada gratuita, assim com pessoas com deficiências físicas e menores de 18 anos.

4. Museo Reina Sofia

Depois de visitar o primeiro museu do dia, pare para almoçar e descanse antes de encarar o segundo. O Museu Reina Sofia fica a 10 minutos de caminhada do Museu do Prado, então, encontre um restaurante no meio do caminho para combinar as duas visitas.

Eu escolheria algo entre o triângulo do Paseo del Prado, a Calle de Moratín e a Calle de Atocha. A região conta com restaurantes para todos os gostos e bolsos.

Dá para comer no Burger King e no Domino’s Pizza, por exemplo, e também em restaurantes mais tradicionais e ainda com preços bons, como o La Tragantúa, com menu a 15,50 euros. Lembrando que eu não comi em nenhum desses lugares, portanto, não tenho como recomendá-los.

Por fim, o Reina Sofia. Ele é o museu de arte moderna de Madrid, e preciso dizer que o meu favorito quando comparado ao Prado. Eu chorei na sala do Velásquez, sim, isso é verdade.

Mas o Reina Sofia estava mais vazio. E como a obra mais visitada do prédio, Guernica (que me deixou muito impactada, vê-la ao vivo é um espetáculo) fica bem afastada do resto da coleção principal e de outras exposições, tive muitas das salas só para mim.

Com várias obras e registros das vanguardas europeias, que me fascinam desde o Ensino Fundamental. Menos por sua estética e mais por todas as suas ligações históricas. Por serem tão transparentes com o contexto por trás dos pincéis.

5. Bairro de Malasaña

Alguns anos atrás eu nunca escreveria essas palavras. Mas hoje me sinto na obrigação. Depois do Reina Sofia, pegue o metrô (a estação mais próxima é a Atocha) e volte para o seu hotel. Já no final da tarde, durma um pouco, ou só deite na cama, tome um banho e descanse.

Se você seguiu esse roteiro até aqui, então já andou muito e deve estar cansado. E como a Espanha demora para dormir — porque eles demoram para começar o dia — é bom estar desancado. Ainda mais se você for visitar o bairro de Malasaña.

Eu fiquei hospedada lá, no Bastardo Hostel, e sinto que não poderia ter escolhido uma região melhor.

Calle de Colón

O bairro é jovem, vivo, alternativo, com ruas estreitas e muito movimento. De lojas de redes internacionais a marcas autorais, é possível encontrar de tudo um pouco por ali. E é uma delícia se perder pelas ruas e vitrines.

E também perceber como as coisas são muito menos segregadas por ali. Jovens alternativos são vizinhos de idosos fofinhos e famílias de comercial de margarina que passeiam com seus cachorros.

A vida noturna é um dos destaques da região, com várias baladas, bares e restaurantes que valem a pena serem conhecidos.

Aproveite a sua primeira noite em Madrid por ali. E se você viaja com pouco dinheiro, assim como eu, pule os bares e restaurantes e coma as empanadas de queijo e bacon da Granier.

A rede de padarias espanhola pode ser encontrada em vários endereços do país, e em Malasanã tem uma na Calle de Fuencarral, próxima à estação de metrô Bilbao.

Dia 2 | Palácio Real e Jardins, Plaza Oriente, Plaza Mayor e La Latina

1. Plaza España e Jardins de Sabatini

Comece o segundo dos seus três dias em Madrid na mesma vibe do primeiro: com um café da manhã típico. Dessa vez, vá até qualquer restaurante ou padaria e peça por churros com chocolate. Essa é provavelmente a opção espanhola mais famosa, e assim que seu prato chegar, você vai entender o motivo.

Uma porção de churros com chocolate no La Sirena Verde, na Gran Vía, saiu por 2.10 euros

Depois, siga para a região do Centro, onde você vai se concentrar hoje.

Comece pela Plaza España, que localizada entre a Gran Vía, o Templo Debod e o Palácio Real, é muito bonita e bem cuidada. Além disso, ela atrai adoradores da literatura espanhola por ter esculturas que homenageiam Miguel de Cervantes e Dom Quixote.

Em seguida, continue rumo ao sul e conheça os Jardines de Sabatini, que fazem parte do “complexo” do Palácio Real.

Assim como a maior parte dos parques e praças de Madrid, os jardins são extremamente bem cuidados.

E para mim, eles são uma ótima réplica do labirinto de Alice.

E também têm uma vista incrível para o Palácio Real.

Ah, e a entrada é gratuita.

2. Palácio Real e Plaza Oriente

Enfim, chegou a hora de conhecer o Palácio Real de Madrid. Residência oficial do rei espanhol, ele começou a ser construído em 1738 e é absurdamente imenso.

Eu me tornei uma fissurada pelo tamanho de palácios desde que visitei o Palácio de Versalhes. E o de Madrid não fica muito atrás.

Ele é aberto para visitas a partir das 10h (o horário de fechamento varia conforme a época do ano) e custa 10 euros. Sendo possível conseguir a meia entrada ou entrada gratuita de acordo com as regras do Palácio.

Não sei dizer se vale ou não a pena visitá-lo porque não o fiz. Escolhi guardar meu dinheiro para entrar em outros lugares em Salamanca, próxima cidade que conheci na Espanha.

Mas caso dinheiro não seja um problema, visite-o. Eu o faria sem pensar duas vezes se não fosse uma estagiária de jornalismo.

Outros dois pontos turísticos estão no mesmo complexo que o Palácio. A Plaza Oriente e a Catedral de la Almudena.

A primeira é de 1844 e conta com várias esculturas reais, vale a pena ao menos dar uma olhada.

E a segunda é a igreja mais importante de Madrid.

Com uma arquitetura impressionante, ela começou a ser construída em 1883 e pode ser visitada gratuitamente todos os dias da semana, das 09h às 20h30.

Também dá para visitar seu museu e cúpula por 6 euros (estudantes, grupos e aposentados tem dois euros de desconto), das 10h às 14h30 de segunda a sábado.

3. Plaza Mayor e arredores

Um passeio super gostoso é andar pelos arredores da Plaza Mayor. A partir da Plaza Oriente, entre na Calle Carlos III, ao lado do Teatro Real, e ande pelas ruas fofíssimas e antigas da região.

Uma dessas ruas é a Calle del Espejo, que ganhou meu coração com suas origens medievais.

Ande sempre rumo à direita até chegar à Plaza Mayor, um dos lugares mais absurdamente lindos e cheios de história de Madrid.

Praças retangulares cercadas por um prédio são uma tradição espanhola. Em quase todas as cidades você vai encontrar uma (e tendo visitado três, elejo a de Salamanca a mais linda).

Suas origens são do século XV e ela já passou por uma série de obras, reformas e incêndios ao longo dos anos. Hoje em dia, é um dos principais pontos turísticos da cidade e conta com dezenas de restaurantes, caso você queria — e possa — fazer uma refeição por ali.

Eu gosto do seu vermelho. Quente. Ele representa muito de Madrid pra mim. Porque não só as altas temperaturas fazem da cidade quente. Seus prédios e pessoas e ritmo inspiram esse calor.

Não há nada de frio em suas ruas. E me arrisco a dizer que essa atmosfera permanece até no inverno.

4. Puerta del Sol

Passe o final da tarde na região da Puerta del Sol, veja o marco zero da cidade — e da Espanha — e uma das áreas mais movimentadas de Madrid, com sua praça mais famosa.

Ali também tem a estátua “El Oso y El Madroño”, que aparentemente é um símbolo da cidade muito procurado por turistas. Mas minha amiga madrilena não faz ideia do que o monumento signifique.

Se você for passar o Ano Novo na cidade, então Puerta del Sol é para onde você deve ir. O relógio do edifício dos Correios faz a contagem regressiva e milhares de pessoas se aglomeram ali, comendo uvas passas até a chegada do próximo ano.

5. La Latina

La Latina é o bairro de Madrid que eu não consegui conhecer. Não cabia no meu roteiro. Então eu tive que deixar para uma próxima vez.

Ele fica bem próximo do centro e é famoso por ser super animado e cheio de bares e restaurantes. Suas origens remetem à Idade Média e, hoje em dia, ele conta com uma série de atividades e lugares para conhecer.

Além de suas ruas estreitas e com chão de pedra.

6. Templo Debod

Mais um da série não deu tempo de conhecer.

Templo Debod fica praticamente na frente da Plaza de España e é conhecido como o melhor lugar para ver o por do sol de Madrid – que é fantástico de qualquer ponto da cidade.

O templo foi construído no século IV a.C e se foi um presentes do Egito à Espanha em 1968. Ele pode ser visitado gratuitamente de terça a domingo, das 10h às 20h, e tem as entradas limitadas a 30 pessoas por vez durante meia hora.

Dia 3 | Gran Vía, Parque do Retiro e Salamanca

No terceiro e último dia da viagem você já andou muito pela cidade, então faça um programa mais tranquilo para balancear o ritmo dos outros dias.

1. Gran Vía

Comece a manhã na Gran Vía, a provável rua mais turística e lotada de Madrid.

Ela começou a ser construída em 1910 e impulsionou toda a modernização da cidade. Ali o segredo é olhar para cima e ver os prédios lindos.

2. Museu Thyssen-Bornemisza

Se for muito fã de museus, aproveite para conhecer o que faltou da tríade madrilena. Se você seguiu esse roteiro e foi ao Prado e ao Reina Sofia no primeiro dia, então está na hora de entrar no Thyssen-Bornemisza.

Com mais de mil obras, ele está no Paseo del Arte, próximo ao Prado, e conta com exemplares de dezenas de movimentos artísticos. Renascimento alemão? Tem. Impressionismo? Tem. Construtivismo russo? Também.

A entrada custa 12 euros e o museu fica aberto todos os dias, de terça a domingo das 10h às 19h, e de segunda do meio dia às 16h.

3. Parque do Retiro

Um dos lugares mais incríveis da capital da Espanha é o Parque do Retiro. Ele é gigantesco, muito bem cuidado e conservado e conta com uma série de atrativos e atividades.

Você pode ver as exposições do Palácio de Cristal.

Ver todas as estátuas do Parque.

Andar de barco no lago principal.

Fazer uma corrida.

Andar de bicicleta.

Comer nas dezenas de restaurantes dentro do Parque.

Ou deitar na grama e descansar.

4. Puerta de Alcalá e Salamanca

De preferência, entre no Parque lá perto de Atocha e saia perto de Salamanca.

Assim, você pode ver a Puerta de Alcalá, que marca a “entrada” da cidade de quando uma antiga muralha cercava Madrid, e depois continuar andando pelo sofisticado bairro de Salamanca.

Ele é cheio de avenidas largas, prédios bonitos com lojas de grifes no térreo, carros chiques e pessoas que ganham por dia o meu salário de estagiária.

É gostoso andar por ali. Mas eu prefiro as ruas estreitas de Chamberí e a diversidade de Malasaña.

Mais: lugares para você encaixar no seu roteiro

  1. Museu do Romanticismo e Museu de História de Madrid
  2. Estádios do Real Madrid e Atlético de Madrid
  3. Bairro de Chamberí
  4. Bairro das Letras