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Como é viajar entre Paris e Campinas com a Aigle Azur em parceria com a Azul

Quando organizei minha viagem para a Espanha e para a França, já sabia que não valeria a pena resgatar os dois trechos transatlânticos por milhas. A conta era simples: pegar um dos trechos era vantajoso, mas pegar os dois só me deixaria no prejuízo. E foi assim que acabei em um voo da Aigle Azur

Por isso, pesquisei a logística mais barata e contei com uma grande sorte: a Azul e a Aigle Azur estavam prestes a começar a operar em codeshare entre Campinas e Paris. O que significava preços ótimos para o concorrido mês de julho (com ida e volta por R$ 3.400).

Consegui uma passagem entre Orly e Viracopos por aproximadamente R$ 1.700, o que junto de mais ou menos R$ 400 de taxas e upgrade para a executiva, resultou em cerca R$ 2.100 para ir e voltar da Europa em julho. Uma economia gigantesca.

Imprevistos no caminho

Meu último dia em Paris era apenas a despedida. Com o voo marcado para às 10h, saí do meu hostel antes das 06h, comprei meu passe ORLYVAL, guardei minha carteira na mochila, a coloquei na frente do corpo e embarquei no metrô.

Sem tomar café da manhã, o que pretendia fazer no aeroporto, comecei uma série de baldeações pelo sistema metroviário. Estação Place Monge. Estação Place d’Italie. Estação Denfert Rochereau. Ali eu parei. Decidi pegar algumas moedas e comprar algo na máquina de doces. Estava morrendo de fome. E continuaria assim.

Porque em algum momento, fui vítima do crime mais típico de Paris: os bate-carteiras do transporte público. Eles levaram minha carteira, com cerca de 10 euros em dinheiro, uns 50 no Travel Money, dois cartões de crédito internacionais, meu RG, minha carteirinha internacional de estudante.

E não foi só. Também levaram minha carteira com comprovantes de passagens e seguros. Onde estavam meus souvenirs (só compro uma coisa em viagens: chaveiros de todas as cidades que visito).

Fiquei arrasada e com raiva de mim mesmo. Depois de 21 anos em São Paulo, sem nunca chegar perto de ser roubada, fui ser assaltada bem em Paris? Sabendo de toda a fama e riscos da cidade?

Entrei em um pequeno desespero. Senti que o final da viagem não poderia ser pior. Porém me lembrei que meu passaporte estava sã e salvo. Assim como minha câmera profissional e o meu celular. Assim, minhas perdas materiais foram realmente mínimas. Então respirei fundo, peguei o RER e segui meu caminho até o aeroporto. Em 12 horas estaria no Brasil.

Check in com a Aigle Azur

Ainda levemente transtornada com o furto, acabei não fotografando nada pelo caminho, mas adianto que tudo seguiu o planejado. Como deixei para fazer o check in no balcão, segui as indicações para a companhia aérea e encontrei uma funcionária, portuguesa, que falava em português, francês ou inglês com os passageiros.

Muito simpática, dava instruções gerais e nos direcionava para as filas. Como eu não sabia o que esperar de um voo em codeshare (haveria mais Azul ou Aigle Azur?), fiquei surpresa com o português.

A fila demorou cerca de meia hora e tudo correu como o previsto. Recebi meu cartão de embarque, com o assento que escolhera na hora da compra da passagem, e segui (corri) para passar pela segurança. Só queria o mínimo de riscos possíveis.

Segurança no Aeroporto de Orly

Quando voltei para o Brasil, de Paris, em 2013, foi pelo Aeroporto de Orly. Por outro Terminal, mas pelo menos aeroporto. E foi tudo extremamente rápido e tranquilo. Nada igual ao que aconteceu em julho de 2018.

As filas da segurança eram intermináveis. Poucos funcionários, uma logística estranha, muitos passageiros (a maioria, perdidos), e um saldo de uma hora e meia para passar por todos os procedimentos: conferência de passagem, raio-x e imigração.

Não tive nenhum imprevisto, como aconteceu em Frankfurt, e depois da longa demora estava na área de embarque. Roxa de tanta fome. Nem um pouco preocupada em notar os detalhes do aeroporto, desculpas.

Naquele momento, estava resignada. Só aceitei que precisava manter a calma, tomar o máximo de água possível e aguardar o embarque. Afinal, haveria serviço de bordo gratuito durante o voo.

Encontrei meu portão de embarque e estava caminhando rumo a ele quando me lembrei. Tinha pouco mais de um euro na bolsa da frente da mochila. Porque fora o troco do meu passe ORLYVAL.

Minha primeira reação foi rir. O que eu compraria com exatamente um euro e trinta centavos em um aeroporto em Paris? Nem mesmo vento, certo? Graças aos italianos, não.

Por pura curiosidade, chequei uma máquina automática e vi. Um Kinder Bueno. Por exatamente um euro e trinta centavos. Nunca fiquei tão feliz em ver chocolate na minha frente. E pude enganar meu estômago por alguns momentos.

Embarque com a Aigle Azur

Uma hora antes do horário marcado para o voo, foi anunciado que o embarque estava próximo. Me direcionei às filas e logo percebi que todos estavam perdidos. Cada funcionário da Aigle Azur falava uma coisa. Não estava claro qual era a fila preferencial. Nem a exclusiva. Nem se haveria divisão por numeração de poltronas.

Apenas me apoiei na minha mala de mão e ali fiquei. Naquele momento, nem o cancelamento do voo poderia piorar a minha situação.

Caos controlado, o embarque foi liberado. Me acomodei no meu assento, na janela, como sempre, e comecei a praticar exercícios de respiração. Mais muito tempo sem comer e minha pressão cairia. Um Kinder Bueno não resolveria minha fome. E para ajudar, o voo foi atrasado para aguardar passageiros em conexão.

Ignorei o senhor ao meu lado, que lia jornal (sou uma jornalista alérgica a papel jornal). Ignorei o sol na minha janela. Ignorei a fome. Foquei em ligar o entretenimento de bordo do Airbus A330-200 de configuração 2-4-2 da Aigle Azur.

Serviço de bordo

Eu já não me lembrava do meu nome quando o avião decolou. Só passava a tela a minha frente, com ótimas opções de entretenimento, como se minha vida dependesse disso. E quando o já almoço chegou, não pensei em fotografar. Nem em observar o que já estava no garfo a caminho da minha boca.

Comi como se nunca o tivesse feito na vida. E depois disso, a vida ficou calma. E eu pude avaliar melhor as condições de voo.

Os assentos de tecido eram confortáveis, com um espaço OK para as pernas e ótimo encosto de cabeça. O kit de amenidades vinha com os tradicionais travesseiro e coberta, com os atenciosos e franceses comissários passando para distribuir fones de ouvido.

Entretenimento de bordo

A tela touch do entretenimento era responsiva e rápida, com entrada USB bem ao lado (ponto positivíssimo), e me manteve ocupada durante todo o voo diurno, que não me cansou em momento algum.

Assisti filmes que realmente queria ver (Extraordinário, Um Senhor Estagiário, O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares e Amor a Toda Prova) e senti que tudo estava bem. Talvez porque eu pude alimentar meu estômago. Talvez porque minha experiência noturna com a LATAM fora de certo desconfortável algumas semanas antes.

Confesso que esperava um serviço mais parecido com a Azul, com direito às balinhas de avião, mas a Aigle Azur não deixou a desejar. Eles continuam com preços competitivos e me apresentaram uma experiência padrão. E eu não espero um atendimento de executiva em uma econômica.

Comidinhas e bebidas estiveram disponíveis nas galleys durante todo o voo, e eu não economizei. Peguei sucos, bolos, bolachas e snacks pelo menos três vezes antes do lanche ser servido. Precisava fazer meu corpo funcionar normalmente. E depois de tantas horas sem nada dentro de seu esôfago, era a melhor alternativa.

Falando em lanche da tarde, fiquei bem contente com este serviço. Foi oferecido um ótimo lanche de pizza, com uma madeleine, bebidas sortidas, água e iogurte.

Uma ótima forma de terminar um voo que tinha tudo para ser o pior da minha vida, mas graças à minha calma e capacidade de respirar fundo, foi bom. Um voo que eu recomendo e repetiria. Tanto pelo conforto quanto pelo serviço (e preço).

Pouso e desembarque em Viracopos

Depois de sempre chegar ou sair de São Paulo por Guarulhos, foi a vez de pousar em Campinas. Dentro do horário estipulado, vimos o por do sol no interior paulista em um pouso tranquilo. Assim como o desembarque pelo finger.

Com a segurança mais reforçada que já vi em aeroportos brasileiros, a passagem pelo controle de passaportes demorou um pouco, sempre acompanhada por um oficial e seu nada simpático fuzil, mas que estava dentro dos conformes.

Ônibus da Azul entre Viracopos e Barra Funda

Para os desavisados, a Azul e algumas outras companhias aéreas disponibilizam ônibus gratuitos, que fazem o transporte de passageiros entre alguns pontos de São Paulo.

De Viracopos, por exemplo, você pode se dirigir ao balcão da companhia na área do desembarque (ele está muito bem sinalizado) e solicitar um assento no próximo ônibus. Que pode ser para a Barra Funda, Congonhas, Guarulhos ou Shopping Eldorado.

Basta mostrar sua passagem e documento de identificação, que o funcionário te dá uma senha e lhe mostra onde aguardar o coletivo. Que tem horários específicos, no site da Azul, para sair.

Os ônibus são a melhor alternativa para quem não mora em Campinas e região. Depois de aguardar por meia hora, fiquei mais uma hora em uma tranquila viagem até a Barra Funda, a partir de onde pude ir para casa. Simples, prático, fácil e gratuito. Para compensar o furto de Paris.

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