Sobre passar um feriado em Montevidéu e a tristeza de cancelar uma viagem
Eu e a minha mãe sempre fomos loucas para conhecer o Uruguai. Mais especificamente a capital, Montevidéu. Quando começamos a planejar nossa viagem anual de 2017, que aconteceria em janeiro, por uma série de motivos eu logo coloquei o país no topo da minha lista.
Primeiro porque a nossa última viagem internacional tinha acontecido mais de dois anos antes, quando fomos para Buenos Aires em 2014. Desde lá até o finalzinho de 2016 fomos para o Rio Grande do Sul, Campos do Jordão, fizemos um mini Cruzeiro e fomos para Ilha Comprida. Mas nada de ultrapassar as fronteiras nacionais.
Buenos Aires, 2014
O segundo motivo envolvia dinheiro, é claro. Ir para o Uruguai estava bem barato e nós ainda conseguiríamos resgatar todas as três passagens, ida e volta, com milhas. O terceiro envolvia a proximidade do país: um voo de duas horas resolve a distância. E o quarto, era única e puramente a nossa vontade de conhecer o país.
Com as datas das nossas férias definidas, resgatamos as passagens e reservamos o hotel para o período de uma semana na capital uruguaia. Contudo, alguns meses depois tivemos que cancelar tudo.
Problemas pré-viagem para o Uruguai
Se você acompanha este blog há algum tempo, já deve ter ligado os pontos e lembrado que, no começo de 2017, eu passei uma semana no Rio de Janeiro, e não no Uruguai. Como contei na época, passei por um período bem complicado com os meus gatos no verão de 2016/2017.
Resumidamente, em novembro de 2016 adotamos mais um gato, uma gatinha de rua que, no final de dezembro, começou a passar muito mal. Ali descobrimos que ela tem uma doença crônica, e de lá pra cá já se foram muitas internações, consultas, exames, remédios e rações especiais. Principalmente durante o mês de janeiro, quando ela ficou internada duas vezes.
Contudo, o maior dos problemas ficou com um dos outros gatos. Ele foi picado por uma aranha e, exatamente uma semana antes da data em que embarcaríamos, descobrimos a situação, que era bem grave.
Cancelar uma viagem por conta de imprevistos: sempre pode acontecer
Foram semanas levando o gato diariamente ao veterinário, para trocar seus curativos, sem contar a roupa especial (já que ele ficou com um verdadeiro buraco na pele), os remédios e ter que vigiá-lo 24 horas por dia. Foi um período bem complicado, e como não teríamos ninguém para cuidar dele na nossa ausência, e também o fato de que nós não conseguiríamos viajar com ele doente, decidimos cancelar a viagem.
Foi frustante. Foi chato. Foi decepcionante. E ainda nos deixou no prejuízo, porque tivemos que pagar pelo cancelamento. Por mais que tenha sido a melhor opção, nós ficamos bem chateadas. Já fazia um bom tempo que não fazíamos uma viagem um pouco maior, mais longa e planejada. E estávamos muito animadas.
Do Uruguai para o Rio de Janeiro para o Uruguai
Por fim, passamos uma semana no Rio de Janeiro algumas semanas depois. Foi uma viagem bem incrível, que passou por quatro cidades e tem todos os seus detalhes contados em posts daqui do blog. Mas o Uruguai sempre ficou ali. De stand by. Esperando uma oportunidade para acontecer.
Arraial do Cabo, 2017
E ela veio exatamente dois anos depois. Como vocês já sabem, fui para a Europa em julho de 2018 e só pretendia fazer outra viagem internacional na metade de 2019. Afinal, sou uma mera estagiária que ganha pouco e gasta uma quantidade considerável de dinheiro na farmácia. Mas tudo mudou quando eu troquei de emprego, em outubro de 2018.
Eu ainda ganhava mal, porém, uma coisa mudou: minha perspectiva de férias. Eu não sabia se conseguiria tirar férias em Julho, e como ainda estou na faculdade, não posso tirar férias em qualquer momento do ano. Então, em um momento de surto no fim de outubro, quando eu percebi que poderia não viajar em 2019, comprei uma passagem para Montevidéu.
Aproveitei que o feriado de 25 de janeiro cairia em uma sexta e me organizei para viajar na quinta à noite e voltar para São Paulo no domingo à noite. Seria uma viagem rapidíssima? Sim. Mas minhas pesquisas e meu roteiro anterior apontavam que Montevidéu caberia perfeitamente nesse tempo.
Fui sozinha, assim como para a Europa em julho de 2018, e mais uma vez essa não foi uma questão. Seria minha segunda viagem sem companhias e eu só pensava em outras coisas. Realizar meus sonhos e conhecer lugares e culturas e pessoas novas. Já dando spoilers, foi nessa viagem que eu tive certeza que amo rodar o mundo só com a minha companhia.
Chegando em Montevidéu
Embarquei em um voo da Latam dia 24 de Janeiro e, duas horas depois, estava curtindo do calorzinho do verão uruguaio. Foram três dias incríveis, durante os quais me hospedei no Ermitage Hotel, um lugar que eu recomendo super.
Ele fica na praia de Pocitos, é mega bem localizado e tem preços ótimos. Eu ainda dei a sorte de pegar um quarto com vista para o Rio da Prata, uma atração à parte.
Dividi meus dias assim: na sexta, o feriado em questão, foquei no centro da cidade, principalmente na parte histórica. Ele é bem parecido com os outros centros de capitais latinas e tem várias coisas para ver e fazer. Principalmente museus gratuitos!
Plaza Independencia
Ali eu me encantei com a cidade. Como pode uma capital ter um clima tão interiorano? Tão delícia? Calmo? Tranquilo? Montevidéu não tem o caos que, até então, eu conhecia em São Paulo, no Rio e em Buenos Aires. Ela é dinâmica, sim, e seu centro é enérgico. Mas o ritmo das pessoas é diferente. E a atmosfera muda completamente só algumas quadras depois da Avenida 18 de Julio.
Punta Carretas e Pocitos
Já apaixonada, no meu segundo dia eu circulei pela região de Punta Carretas e Parque Rodó. Fui ao Shopping Punta Carretas. Andei por dezenas de ruas do bairro. Fiz uma super caminhada pela Rambla, o calçadão que acompanha toda a orla do rio. Descansei no Parque Rodó. Fui a mais um museu, que fica dentro do parque. Fui até o Farol de Punta Carretas. E terminei o dia em um restaurante mara, o Ramona Café.
Ramona Café Pocitos
No domingo, já meu último dia na cidade, fiquei em Pocitos mesmo e não fiz nada de muito específico. Andei horrores pelo bairro, conheci milhares de ruas fofas e fiz o que eu mais gosto: observei a cidade ser. Conheci feirinhas. Entrei em uma avícola para comprar alfajores. Prestei atenção nas conversas alheias. Sentei em um café na beira do rio para esperar o tempo passar.
Por fim, no dia exato em que voltaria de viagem em janeiro de 2017, dei adeus ao meu curto tempo no Uruguai com o coração em paz. Eu tinha razão em tanto querer conhecer o país. E me apaixonei para o resto da vida. Hoje, se me perguntam para onde eu me mudaria, Montevidéu é a minha primeira resposta.
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