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Acampar em Ubatuba: a experiência frustrada de uma criança de oito anos

De dez histórias da época de namorados dos meus pais, oito incluem suas viagens para acampar. Principalmente para acampar em Ubatuba.

E quando uma criança escuta essas histórias com uma prévia vontade de viajar, ela vai ficar no pé dos pais para dormir em uma barraca por quase uma semana.

Não. Não me lembro mais dos motivos que usei na argumentação, em meados de 2004. Mas queria lembrá-los, para colocar na lista de nunca mais tentar alguma coisa com isso.

Acampar em Ubatuba

Passamos a semana do Ano Novo de 2006 acampando em Ubatuba, na Praia da Tabatinga. Mais especificamente, ficamos no Camping do João, com chalés, espaço para trailers e barracas, banheiros e cozinha coletivos e, muito importante dizer, energia elétrica.

A viagem em si foi uma delícia. Foi a minha segunda vez no Litoral Norte e, como o camping fica na divisa entre Caraguatatuba e Ubatuba, deu para conhecer praias das duas cidades. E se eu posso recomendar uma, falo de Puruba, em Ubatuba. Ela era bem deserta e desconhecida quando eu fui, mas não posso garantir que ela permaneceu um segredo por mais de uma década.

Fiz alguns amigos, me diverti muito na praia, deixei minhas sardas se multiplicarem pelo rosto e ainda convivi com antigos amigos dos meus pais. Eles se conheceram naquele camping, algumas décadas atrás, e coincidentemente também estavam por lá naquele ano. Nada foi combinado, então a experiência foi ainda mais interessante.

Mas as coisas boas param por aí.

Problemas no paraíso

As questões já começaram no primeiro dia, quando eu passei mais tempo lavando meus pés cheios de lama do que fazendo qualquer outra coisa – que incluem respirar e pensar. Podem me chamar de fresca, mas não suporto nada sujando meus pés, e se areia me tira do sério, lama é capaz de movimentar a terceira guerra mundial.

Além disso, a logística do acampamento é complicada. Quando acaba a comida, você é obrigada a pegar o carro para dirigir ao mercado mais próximo, porque por mais que tenha um mercadinho ao lado do camping, tudo lá é mais caro. Se chover, você só pode rezar para não acordar com uma poça de lama ao redor da barraca. A privacidade é reduzida nos banheiros coletivos. E eu não demorei a descobri que não havia espelho nenhum nos sanitários.

Isso porque eu tinha oito anos e ainda não usava secador de cabelo.

Os micro problemas de classe média sofre não param por aí. Dormir em uma barra é desconfortável. O espaço para montar a sua cozinha é reduzido. Nada fica exatamente no lugar. E toda manhã você abre a barraca e dá de cara com seus vizinhos.

Uma grande ventania, eu diria

Para completar, uma ventania fora do normal atingiu a cidade em um dos dias em que estávamos por lá. Foi logo no amanhecer, então todos foram acordados pelo zunido do vento. Ou quase todos. Porque alguns despertaram enquanto suas barracas tentavam largar o chão para dançar no ar. E outros, inclusive meu pai, passaram bons minutos segurando a estrutura das barracas e dos toldos.

Da fresta da barraca, de fato foi engraçado assistir a todos os outros campistas tentando manter suas casas temporárias no lugar. Inclusive, nem todas as tentativas foram um sucesso, e uma das barraca saiu rolando.

Podem me chamar de sádica, mas eu passei mal de tanto rir.

Veredito

Depois dessa pequena experiência de bagunças e stress, quero distância de barracas. Eu acamparia de novo? Sim, com certeza, caso estiver escalando o Kilimanjaro ou coisa parecida. Acampar de novo pelo prazer de acampar? Nunca. Não encontrei prazer nenhum na situação, e acho que os genes dos meus pais se perderam no caminho até a minha pessoa.

Contudo, eu mudaria a minha decisão caso voltasse no tempo? Não, foi mais uma ótima história para contar, por mais que decerto frustrada. Foi ali, inclusive, que eu descobri a cidade de Paraty e fiquei obcecada pela ideia de conhecê-la.

O que só foi acontecer uns seis anos mais tarde

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