Alitalia é boa? Como é voar Alitalia entre São Paulo e Roma
Eu tinha 16 anos recém completos. Nunca havia viajado sozinha. Ou para fora do país. Nem mesmo viajado de avião. Mas estava lá, naquela manhã de sábado, 29 de Junho de 2013, para encarar um voo de 12 horas sozinha, rumo ao meu intercâmbio. Eu tinha muitas perguntas. Como é voar? Será que a Alitalia é boa? Como vai ser a imigração? E a comida do avião? Estava morta de curiosidade para responder a cada uma delas. Então eu entrei no carro e fui até o aeroporto.
Realizar um sonho: check
Minha história com intercâmbios começou bem antes, mas eu poderia contar todos detalhes de sonhos de infância que nada chegaria perto do que foi esse 29 de Junho para mim. Nenhuma idealização chega perto de pisar em um avião pela primeira vez.
E é muito gostoso quando um dia é tão, mas tão especial, que a gente lembra dele com detalhes, mesmo depois de dois anos e meio. Então, saibam que é mais do que um prazer reviver aquela avalanche de novidades e emoções mais uma vez.
Se você já realizou um sonho de infância, você não sabe da sensação que eu tive ao pegar minhas passagens no check-in. Se você já realizou quatro sonhos de infância de uma vez só, então a gente fala a mesma língua.
Não era só fazer meu intercâmbio. Era meu intercâmbio para Paris. Era entrar em um avião pela primeira vez. Carimbar um passaporte pela primeira vez. Tudo isso brincava de me fazer sonhar desde eu descobri a dimensão desse mundo. Também voltava à época em que me interessei pela França ao descobrir que meu nome é francês. E de quando fiquei sabendo que intercâmbios existiam.
Mas eu estava uma pilha de nervos com medo de alguma coisa dar errado e não tive tempo para perceber que era real. Que eu rumava para um aeroporto para viajar pela primeira vez. Eu só juntei minhas malas, coloquei no porta malas, conferi os documentos e, oito horas da manhã, saí de casa para pegar um voo que decolaria às 14 horas.
Primeira parada: Aeroporto de Guarulhos (GRU), check in da Alitalia
Enfim, cheguei no Aeroporto de Guarulhos. Havia ido lá uma semana antes para reconhecer o terreno e entender sua logística. E sim, se locomover lá dentro pode ser cansativo e massante, principalmente se você tiver que passar pelas filas gigantes da TAM e da Gol. Mas apesar disso, a linearidade do lugar deixa tudo bem fácil, e claro, saber onde cada companhia opera evita pernas cansadas.
As informações no e-ticket indicavam o Terminal 1 e a Asa A para check-in na Alitalia. E fomos diretamente para lá encontrar cadeiras na sala de espera, onde aguardamos por quase duas horas caídos de sono, já que o check in ainda não estava aberto.
Então o check-in finalmente começou e eu fui para a fila. Despachei as malas e peguei os cartões de embarque. Foi surreal pegar aqueles pedaços de papel nas minhas mãos. Com o meu nome ali. Aquilo estava mesmo acontecendo.
Em suma, minha nota para o check-in da companhia aérea italiana foi oito e meio. Poderia ter sido um pouco mais organizado e simpático. Mas não tive problema algum.
As próximas duas horas até eu entrar na sala de embarque foram um misto de será que esqueci alguma autorização? Com nuggets do McDonald’s e reconhecimento de logos das companhias em aviões decolando. E meu pai impressionado com o tamanho deles, óbvio. Minha cabeça queria viver todos os processos. Ela queria responder se a Alitalia é boa ou não, já que as resenhas da internet eram bem divididas. E ela também queria, mais do que tudo, ver o mundo lá de cima.
Polícia Federal e área de embarque
Foi mais difícil para os meus pais do que para mim. Era surreal, para eles, que a filha de 16 anos tivesse tanta coragem, nas palavras deles. De pegar um avião sozinha para o outro lado do oceano. Ficar três semanas longe de tudo. Na época eu não via nada disso como um ato de coragem, era só um sonho que eu queria muito realizar. Hoje, eu tenho outros olhos.
Assim, entrei. Abracei os três pela última vez, deixei uma lágrima escapar e entreguei meu passaporte e passagem para conferência. Passei pela Polícia Federal. Não tinha nada de errado com as minhas autorizações e voilà, estava dentro do freeshop, correndo até o fim dele porque eu tinha certeza que ia quebrar alguma coisa lá dentro.
Achei meu portão de embarque. Descobri que um grupo de intercâmbio estaria no mesmo voo da Alitalia que eu até Roma, mas depois eles conheceriam Londres. Parei para observar o que acontecia ao meu redor e foi bem difícil parar de sorrir feito uma idiota.
Viajar de avião era um sonho. O primeiro deles, eu diria, já que minha casa fica em uma rota de aviões e eles sempre estiveram no céu do jardim. Eu imaginava como era estar dentro de um daqueles, só para ir até o Rio – o que não chegaria a durar uma hora, segundo os relatos da minha avó que muito viajava a trabalho por esse Brasil.
Então eu estava prestes a entrar em um e passar 12 horas ali dentro. O portão de embarque era mais mágico que um parque da Disney quando eu me toquei do que estava acontecendo. Antes era tudo uma questão de resolver burocracias e pendências e dores de cabeça. Agora estava tudo bem e eu podia voltar ao formigar nos dedos de quando peguei as passagens nas mãos. E eu esqueci todos os medos.
Embarque no voo da Alitalia
Só que tudo mudou quando anunciaram que era para formar fila para o embarque. E a mágica toda foi embora. Junto da minha paciência com quem conversa na fila do embarque e não percebe que entrou na fila errada e atrapalha a vida de todo mundo. Enfim. Eu daria nota sete para a organização do embarque da Alitalia. Eles poderiam ter usado melhores estratégias logísticas para o momento. Mas nada grave aconteceu.
Entrei no avião. Dei sorte de conseguir uma poltrona na janela porque não especifiquei nada no check-in. Mas a felicidade durou até dois caras estranhos sentarem do meu lado.
E eu, ansiosa e controladora e detalhista e perfeccionista, não havia pensado nisso em nenhum segundo sequer. Dois estranhos do meu lado por 12 horas. Mas logo percebi que não era nada demais e que eu era uma estranha para eles também e parei de hiperventilar.
Pela primeira vez em um avião, finalmente!
Só que aí a poltrona não era muito confortável, nem o espaço para as pernas. Eu não sabia como ligar a televisão. Nem como colocar o cinto de segurança e droga, esqueci meu livro na bagagem de mão que eu coloquei lá em cima. Tudo conspirava para os motores entrarem em pane, o piloto ter um AVC ou aparecer um lunático para sequestrar o avião.
Já fazia mais de meia hora que o avião estava taxiando e era frustrante ver todos aqueles outros decolando e eu ali, rodando na pista feito uma barata tonta. Eu estava a ponto de tomar todos os remédios para enjoo que coloquei na bolsa para desmaiar e acordar na Itália, mas então a mágica aconteceu mais uma vez.
Logo o avião deixou o solo. Eu estava voando. E olhar São Paulo do alto se tornou um dos meus passatempos favoritos desde então.
Eu, uma adolescente de 16 anos cujas noções de distância estavam no sul de Minas e em Angra dos Reis. Eu estava em um avião. A televisão avisou que sobrevoávamos o Rio e era possível ver a ponte Rio-Niterói. É nessas horas que a gente esquece que está na classe econômica e que a poltrona é desconfortável.
Refeições da Alitalia: será que foram boas?
Bom, eu continuei nesse hi-lo de momentos mágicos e perrengues durante todo o voo. E vamos começar pela comida, que era péssima e foi servida duas vezes: no jantar e no café da manhã.
Serviram o jantar antes de escurecer. E pelo amor de Nossa Senhora de Fátima, tenham em mente que se uma comissária da Alitalia te perguntar se você quer massa ou carne, a massa é uma salada coberta com queijo gratinado em uma lasanha que deu errado.
E eu odeio salada, então fiquei com o tradicional pão italiano, frios e uma torta até que gostosinha enquanto a salada esfriava.
Dando uma colher de chá
Comida de avião. Não dá para esperar muito, mas você também não se prepara psicologicamente para que o serviço te engane na cara dura.
Cerca de duas horas antes do horário previsto para o pouso serviram o café da manhã. O croissant estava ok, suco de caixa é suco de caixa. Tinha um pãozinho bem gostoso e frutas, mas eu não as como, então ficaram de lado igual ao projeto de lasanha.
No geral? É econômica, a gente sabe que qualquer coisa além do pacotinho de amendoim servido pela Gol é lucro. Mas às vezes comida pode ser sua única diversão em um voo de 12 horas, sozinha e com remédios que não faziam efeito.
Por fim, minha nota para as refeições é quatro e meio. Poderia ser pior. Mas eu fui enganada e passei fome por causa disso.
Serviço e entretenimento de bordo
Sobre os comissários de bordo, não tenho nada do que reclamar. Todos foram muito atenciosos pelo que percebi, já que não precisei deles em momento algum. Mas eram em sua maioria italianos e italianos falam alto e expressivamente. Para quem cresceu em família italiana, não foi problema algum.
Além disso, o entretenimento de bordo se resumia à televisão e às revistas da companhia aérea. Tudo dentro dos padrões. O controle remoto era um pouco antigo, mas eu consegui me resolver com ele. E o catálogo da televisão era ótimo e atualizado.
Nota nove para os dois.
Turbulências e o outro lado do Atlântico
Rolaram alguma turbulência entre as costas, nada muito interessante de início. Mas observar as pessoas desesperadas foi bem divertido. Depois escureceu. E não demorou muito para o sol nascer em uma imagem tão linda que nem parecia ser o mesmo sol que queima minha pele mesmo com protetor solar. E aí a televisão anunciou que chegamos à África e a coisa ficou ainda mais interessante.
Imagens e pequenos textos falavam sobre as cidades importantes do Magreb e eu estava sobrevoando o Saara. Só se o avião pousasse ali mesmo para ficar mais legal. Mas isso também significaria algum problema e eu não queria problemas. Não quando era a emoção mais concreta do quanto a vida vale a pena.
Sendo assim, se passaram oito horas e muitos episódios de House, porque a bonita não conseguia dormir de jeito nenhum. Eu queria o conforto da minha cama ou um travesseiro decente. Mas só um corretivo já traria luz para os meus olhos. Eu só desejava desembarcar logo e achar uma cadeira confortável para ser minha cama durante as quase oito horas de conexão em Roma.
Pouso no Aeroporto Fiumicino
Sem mais detalhes das horas angustiantes, os procedimentos de pouso começaram. Deu para ver o mar, barquinhos e um céu azul para completar a cena do verão europeu. Se eu estava toda empacotada por conta do frio que fazia em São Paulo? Se eu morri de calor depois? Vamos pular essa parte.
Finalmente, em solo europeu. E enquanto todos se estapeavam para sair logo do avião, eu me atentei aos voos de conexão que as televisões mostravam. E entrei em pânico porque não encontrei o meu.
Ok, eu sabia que minha conexão era longa e que o Fiumicino era gigante, realizando uma quantidade absurda de voos por dia. Mas eu fiquei desesperada porque faço isso por qualquer coisa. E continuemos.
Por fim, esperei o frenesi acabar, peguei minha mala e segui rumo à pista, mas travei na hora de descer as escadas. Foi o momento mais bizarro da viagem, porque inconscientemente, eu parei e olhei para trás, esperando alguém conhecido surgir. Então me toquei, de todas as formas possíveis, que estava em outro continente sem ninguém além de mim mesma. E foi mais feliz do que desesperador.
Avaliação de voo: a Alitalia é boa ou não?
E o que dizer de um voo de 12 horas na classe econômica da Alitalia? Mediano, hoje eu diria, depois de voar com a Qatar. Mesmo que só até Buenos Aires.
Mediano porque a comida não era lá aquelas coisas. Porque a comissária de bordo me enganou. Porque a poltrona era desconfortável e o espaço entre os assentos, minúsculo. Mas os serviços no aeroporto, o embarque em si e as questões básicas no voo, como limpeza e simpatia, me surpreenderam positivamente.
Tem pouco dinheiro disponível, quer ir para a Europa e a promoção do dia é da Alitalia? Eu compraria. A Alitalia é boa, sim. Não é a melhor e poderia melhorar, mas também não é ruim! Já ouvi muitos elogios sobre a KLM, mas se o dinheiro é fator limitante, a gente não seleciona com lupa, luvas e uma pinça.
De quebra dá para conhecer Roma na conexão e se perder dentro do Fiumicino. Mas isso é assunto para o próximo post.
Informações burocráticas para você tirar suas dúvidas
1. Vai sair do país sozinho e tem menos de dezoito anos?
Então você precisa de duas vias de uma autorização devidamente assinados pelos pais ou responsáveis e autenticados em cartórios. Uma das vias fica retida na PF e a outra anda com você. Pode ser que peçam em algum outro aeroporto ou não, sendo apenas mais um documento caso você vá parar no hospital, na polícia ou no consulado.
Se você for viajar com apenas um dos pais ou um dos responsáveis, vai precisar da mesma autorização autenticada. Agora já é possível informar no próprio passaporte se o menor pode ou não viajar desacompanhado. Basta informar no formulário da Polícia Federal, e isso torna as autorizações autenticadas descartáveis.
2. Seus pais querem uma companhia para você durante o voo? É possível!
Se informem com a companhia aérea. Elas oferecem o serviço de um comissário de bordo de olho em você por horas a fio por algumas dezenas de dólares.
3. O que não fazer em uma conexão
Não me invente de sair do aeroporto durante a imigração se você tem menos de 18 primaveras. Eu cogitei isso com a minha agente de intercâmbio e ela quase voou no meu pescoço. Fiquem quietos no duty free se estiverem sozinhos em um país estranho sem nenhum conhecido. E a coisa piora se você não fala a língua local ou inglês.
E se você tem mais de 18 ou está acompanhado e resolveu conhecer a cidade da conexão, fique atento aos horários!
Por mais que sua bagagem já esteja despachada e as passagens em mãos, pesquise bem a localização do aeroporto, meios de transporte na cidade e calcule tudo com a precisão de um médico anestesista.
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