VÍDEO | Primeira experiência em um cruzeiro: MSC Armonia por Búzios e Ilhabela
Em setembro de 2015 minha mãe decidiu que queria fazer um cruzeiro. Começamos a pesquisar e, como nenhuma de nós três (minha mãe, eu e minha irmã) já tinha estado em uma embarcação maior, concordamos em alguns pontos.
1. A viagem precisava ser curta.
Se alguém passasse muito mal em um cruzeiro de quatro dias, não seria tão ruim quanto em um de uma semana. Além disso, cruzeiros curtos obviamente são mais baratos. Então a sensação de “paguei para ficar nauseada” seria mínima.
2. A viagem precisava passar por cidades que ainda não conhecíamos.
Afinal, o cruzeiro era uma curiosidade. A vontade de viajar e conhecer outros lugares sempre foi a nossa paixão.
3. A viagem tinha que acontecer a partir da segunda semana de janeiro de 2016.
Único período que conciliava as férias das três.
Foi assim que, em meados de dezembro, reservamos na “tarifa bingo” uma cabine externa do navio MSC Armonia. Cruzeiro que, partindo de Santos, passaria por Cabo Frio e Ilhabela em um período de quatro dias.
Por que esse cruzeiro e esses destinos?
Depois que definimos os pré-requisitos, começamos a entrar nos sites das companhias que fazem cruzeiros pelo Brasil. Obviamente, a escolha foi pelo menor preço: para três pessoas, pagamos pouco mais de R$ 3 mil pela viagem, valor que incluía comidas e bebidas não-alcoólicas durante todo o período do cruzeiro e acomodação.
Por nossa conta, ficaram os gastos para chegar até Santos, como moramos em São Paulo, e também os gastos nas paradas. Mas todo o resto estava coberto. Com a chance de conseguir um upgrade de quarto por causa da tarifa bingo.
É claro que também olhamos avaliações do navio e da empresa, conversamos com amigos que já viajaram com o Armonia e consideramos outras opções que, por exemplo, passavam pelo Sul do país. Pesamos todos os pró e contras e decidimos que o mais barato era a melhor opção, já que a viagem tinha caráter experimental e de pura curiosidade.
Pré-embarque e embarque
Comprar um cruzeiro é como comprar uma passagem de avião ou hospedar um hotel. Você escolhe o itinerário, o tipo de cabine, coloca os dados do cartão de crédito e, dias antes da viagem, imprime os comprovantes, que devem ser apresentados na hora do check-in no porto.
Check-in que também se parece com um check-in de aeroporto. Só que muito mais chato e demorado.
Chegar em Santos foi simples. Pegamos um ônibus da Cometa na Rodoviária do Jabaquara, descemos a serra em uma viagem bem tranquila — por mais que estivesse chovendo — e desembarcamos dentro do porto. Onde as coisas começaram a ficar cansativas.
Terminal de passageiros
Primeiro você precisa entrar em uma fila para despachar suas malas. Depois de se certificar que toda a sua bagagem está dentro das regras da empresa, identifique sua companhia de cruzeiros, já que vários navios podem estar zarpando no mesmo dia que o seu, e passe cerca de 20 minutos esperando.
O processo é chato, mas compreensível. Um navio comporta muito mais gente do que um avião, então, fazer com que os responsáveis pelo check-in também despachem as malas é humanamente indecente.
Depois disso, você entra área de embarque do porto e aguarda. Muito. Mas muito mesmo. Ficamos cerca de três horas esperando até que chegasse a nossa vez de entrar no navio. E isso é controlado por códigos que são gerados quando a sua cabine é definida, então, estarão nos milhões de papéis de confirmação que você já imprimiu.
As pessoas são chamadas de acordo com a localização das cabines no navio, e o processo de check-in em si foi bem simples. Em seguida, você passa pela Polícia Federal e finalmente parte para a embarcação. Com os cartões dos quartos em mãos, o passo seguinte é seguir uma fila para entrar no navio, onde sua bagagem de mão é inspecionada. Depois disso, basta pegar o elevador até o andar da sua cabine — o que está escrito no cartão, junto de informações sobre o seu bote e restaurante — e verificar se ela já está liberada.
Nessa hora, a gente já sabia que tinha recebido um upgrade. Por causa da tarifa super bingo, que já comentei antes, a gente corria o “risco” de ser sorteada para uma cabine melhor, e foi exatamente o que aconteceu. Compramos uma cabine externa com vista obstruída, mas viajamos em uma gigante suíte com varanda, a melhor possível no Armonia.
Entramos e nossa bagagem já estava lá, com os secadores e chapinhas confiscados — a maioria dos navios proíbem.
Suíte | MSC
A experiência
Ninguém quer começar uma viagem de navio com chuva. Mas foi o que aconteceu com a gente. O céu estava nublado, não parava de garoar e nosso medo era o tempo atrapalhar todo o cruzeiro. Afinal, era apenas quatro dias: embarcamos na sexta, passaríamos por Cabo Frio no sábado, Búzios no domingo e, logo na manhã de segunda, estaríamos de volta ao porto de Santos.
Tentamos ignorar e fomos conhecer o navio. Entrar em um é certamente chocante. O lugar é imenso, tem uma decoração que pode ser considerada duvidosa e suporta muitas pessoas. Mas o Armonia ainda é um dos menores navios de cruzeiro. Ele conta com cinco classes de cabine, nove andares, quatro bares/cafés, cassino, uma biblioteca, um teatro (La Fenice), áreas para crianças, piscinas, dois restaurantes e outros dois espaços para refeições, abertos ininterruptamente.
A experiência de um cruzeiro é única. O que não significa ser a melhor do mundo. Mas é interessante, e estar ali dentro é como escapar do mundo para viver uma realidade paralela. Algo parecido com a experiência que os parques da Disney vendem. Meu tipo favorito de viagem? Nem um pouco. Mas se eu faria um cruzeiro novamente? Sem pensar duas vezes antes de deixar meu secador em casa.
Recepção | SeaView Cruises
A viagem
A viagem em si foi tranquila. Durante o dia, quase não sentíamos o navio balançar, o que ficava claramente perceptível de madrugada, e para ser sincera, até ajudava a dormir. Todas as refeições eram ótimas — você pode tomar café da manhã e almoçar em qualquer restaurante, mas o jantar sempre é servido no mesmo restaurante e na mesma mesa. Todas essas informações estão no seu cartão de embarque.
Os jantares são temáticos, mas nada muito rígido. Existem dezenas de atividades rolando o dia todo, então você nunca fica entediado. O sistema de som conversa com você nos momentos mais inoportunos. E isso é engraçado. Você conhece pessoas de todo o mundo — nosso garçom era indiano, e rolaram altos papos em inglês com ele. A internet é cara e lenta. As áreas públicas estão sempre muito lotadas, e conseguir uma cadeira na piscina é extremamente difícil.
Mas tem comida disponível o dia todo. E só isso já valeria todo o cruzeiro.
Restaurante La Pergola | MSC
As paradas
Só falta falar das paradas. O sistema para deixar o navio e desembarcar funciona a base de senhas: você precisa ir até o local indicado e retirar uma senha, que organizada em ordem alfabética, define os primeiros e últimos a deixaram o navio. O que também não é obrigatório. Você pode ficar lá dentro, se quiser.
Como já contei, o programado era passar por Cabo Frio e Ilhabela. Eu já tinha programado toda a minha viagem para Arraial do Cabo a partir de Cabo Frio. Até que o sistema de som anunciou que a parada foi cancelada.
Devido às más condições climáticas, a rota foi recalculada para Búzios. Um banho de água fria? Sim. Mas não um baque muito forte. Algo que eu li e escutei muito antes de entrar no navio foi: você faz um cruzeiro pelo cruzeiro em si, e não pelas paradas. Primeiro porque elas são muito curtas. E segundo porque nada nunca é garantido.
Búzios
Psicologicamente preparada, fui para Búzios sob chuva, em um bote que quase não conseguia sair do lugar, e passei o dia em um tour de van pela cidade. Nada menos o meu tipo de viagem. Mas o que era viável no momento. Eu não entraria em uma escuna em um dia chuvoso, assim como não passaria o dia sentada na mesa de um restaurante, vendo as pessoas passarem na Rua das Pedras.
Conhecemos várias praias, mirantes e regiões de Búzios. No fim, aproveitamos tudo o que era possível para as condições. E mal sabíamos que, um ano depois, estaríamos de volta a Búzios — com o melhor Sol e calor possíveis.
Praia de João Fernandes
Ilhabela
No terceiro dia, fomos para Ilhabela, onde o Sol e o calor compensaram todos os perrengues de Búzios. Chegamos na cidade com o objetivo de fazer um passeio de escuna. Afinal, a ilha é grande, tínhamos pouco tempo e queríamos conhecer o máximo possível, como era nossa primeira vez na cidade.
Compramos o passeio e fomos para a Praia da Fome a Praia do Jabaquara, ambas no norte da ilha. O passeio foi incrível. Conhecemos praias maravilhosas e descansamos, algo que ainda não tinha acontecido muito dada a situação anterior.
Praia da Fome
Prós
Cruzeiros te transportam para outra realidade. Estar naquele navio é quase imaginar um mundo perfeito. Você tem a oportunidade de conhecer mais de um lugar em uma mesma viagem. A hospedagem e o meio de transporte estão no mesmo lugar. Você provavelmente vai gastar pouco, dentro do navio, além do valor do pacote contratado. É uma experiência única. E estar no meio do oceano é bem legal.
Contras
Não é uma viagem muito barata, se você comparar com outras que poderia fazer com o mesmo valor em termos de quantidade de dias. Você não conhece muito bem as paradas. Alguns navios têm regras rígidas. Você pode passar mal. Internet é um problema: se você ativar o roaming, paga uma fortuna, se comprar a do navio, paga uma fortuna. Pode ser meio brega. Os espaços públicos são lotados.
Mais detalhes
Eu fiz um vídeo desse cruzeiro. A qualidade está ruim. A edição está ruim. Mas decidi compartilhar mesmo assim, já que perdi as filmagens originais para fazer uma edição decente:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=2bRQZ8NH9rA]
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