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Diário de Intercâmbio em Paris: residência estudantil, aulas, Ópera Garnier e Galeries Lafayette

Este diário de intercâmbio em Paris contém informações sobre meus três primeiros dias na cidade.

Depois de doze horas de voo entre Guarulhos e Roma, oito horas de conexão no aeroporto Fiumicino e mais duas horas de voo de Roma até Paris, cheguei no Aeroporto Orly.

Dia 1 | Aeroportos e dia na residência

Já deveria passar das 16h quando, com duas malas, desci do ônibus e caminhei até a minha casa pelas próximas três semanas. Fazia um calor absurdo, ainda que atenuado pelo vento, e continuar com aquela blusa de gola era como andar de regatas sob a neve.

A que chamarei pelo nome de Residência durante o texto é a Fondation Eugène Napoleón. Inicialmente um orfanato para meninas criado pela Imperatriz Eugène, esposa de Napoleão III, hoje o prédio abriga uma escola primária e jardim de infância, uma escola profissional e acomodações para estudantes.

A construção de 1853, maravilhosamente exibindo sua arquitetura neoclássica, tem um jardim aberto ao público e fica no 11th arrondissement. Na Rue du Faubourg Saint-Antoine, em frente à Place de la Nation, onde também fica a estação Nation {linhas 1, 2, 6 e 9 do metrô; linha A do RER}, caso alguém queira visitá-lo.

Jardim aberto ao público da residência do meu intercâmbio em Paris

Diário de intercâmbio em Paris: o quarto

Depois de resolver algumas burocracias sobre a minha chegada, finalmente pude me jogar em uma cama. E deixar o peso de duas malas, uma mochila e uma bolsa de lado. Descobri que dividiria o quarto com mais uma intercambista. E o melhor de tudo. Teríamos um banheiro só para nós, enquanto a maioria dos outros teria que usar banheiros compartilhados.

Depois descobri que os estudantes de três semanas ficavam em quartos com só mais um roomie e banheiro. Enquanto os de duas semanas ficavam com mais de três roomies e precisavam dividir o banheiro.

Vista da janela do meu quarto, para o pátio interno da residência

Alguns detalhes interessantes sobre os quartos e banheiros para registrar nesse diário de intercâmbio em Paris:

  • Apesar de meninos e meninas não ficarem nos mesmos quartos, dividíamos os corredores sem problema algum e as portas não tinham chaves.
  • Os banheiros compartilhados não tinham distinção entre meninos e meninas. E aparentemente, não era problema para ninguém.

O que eu fiz, então? Tomei o banho mais esperado de todos os meus 16 anos e nem acreditei que estava de shorts e regata em julho.

Pessoas e o refeitório

Logo desci para o pátio e conheci espanholas fofíssimas de 11 anos, que falavam um francês tão maravilhoso que me senti a personificação da inutilidade. Porque oras, elas não falavam só francês, mas um inglês tão bom quanto o meu.

Mas a parte das pequenas humilhações europeias a gente pode pular, não é mesmo?

Então vamos para a parte boa. Conhecer o refeitório e suas máquinas de comida! Com Oreo e Kit Kat a noventa centavos de euro, a felicidade nunca fora tão possível. Quanto à comida do refeitório, era como o esperado. Generalista e sem muito tempero, ideal para agradar brasileiros e turcos, mexicanos e romenos.

Mas a descoberta mais legal do dia foi: a noite só começava depois das 22h. Antes disso, é tão claro quanto às dez da manhã, e até hoje eu não consigo superar que, pelo menos em São Paulo, os dias só duram até no máximo às 20h no verão.

A ficha do eu estou em Paris demorou muito para cair. Conheci uma brasileira na residência. Fui apresentada aos búlgaros, canadenses e ingleses. Descobri que ninguém estava autorizado a sair de lá sozinho. Fiz milagres para entender o que me de era dito em francês. Conheci minha roomie, a Marina, que é espanhola.

Dormi acreditando que aquele lugar sempre fora meu.

Dia 2 | Teste de nivelamento e 9th Arrondissement

Em intercâmbios de cursos de idiomas, o primeiro dia é um clássico. Você faz provas para que te encaixem na turma adequada ao seu nível. Porém, quando acordei com a porta do meu quarto aberta e no mínimo quatro outras meninas ali dentro, escolher uma roupa e atravessar o cômodo para tomar banho pareciam ser o maior desafio do dia.

Corri para tomar o café da manhã. Tínhamos que estar na porta da Residência, todos os dias, às 08h30 para rumarmos até a escola, e eu estava atrasada. A cultura do cereal com leite enfeitava as compridas mesas do refeitório. Parecia um filme de internato europeu com pré-adolescentes loiros e falantes a correr e derrubar suco de laranja pelo chão? Definitivamente.

E era uma delícia estar ali dentro, querido diário de intercâmbio em Paris

Sem o cansaço e as duas malas de rodinhas, andei pelas ruas de Paris, pela primeira vez, preocupada em decorar os detalhes daqueles prédios históricos. O caminho da Residência até a escola – tínhamos aulas na Mod’Art International – era uma caminhada de cinco minutos pela Rue des Boulets. Que pela manhã concentrava parisienses e suas baguetes empoleirados em bicicletas. Essa imagem é tão real quanto as boinas e as roupas listradas, garanto.

Rue de Boulets

Estava calor, como o esperado para o verão. Mas o vento que embaraçava meus cabelos, ainda molhados, me obrigou a tirar um cardigã do fundo da mala. Não me lembro dos raios do sol? Estaria nublado, pelo que minhas fotos dizem. Mas por algum motivo eu apostaria nos meus olhos semicerrados por conta do sol.

Mod’Art International – CEI (Centres d’échanges Internationaux)

Logo que chegamos na escola, fomos encaminhados para a sala de provas, como você já deve ter lido em pelo menos mais algum  diário de intercâmbio em Paris ou outras cidades.

Dividida em duas partes, uma escrita e outra oral, eu mal compreendia o que os enunciados me pediam. E minha capacidade de enrolar em línguas que não domino foi inútil quando tive que conversar com um professor.

Minha familiaridade com a língua, visto que tentei ser autodidata por quase dois anos, somada à facilidade de aprender idiomas, entendia muito do que me era perguntado. Mas não era possível me tornar a abuela Alba, em Jane The Virgin, que entende tudo em inglês mas responde em espanhol.

Enrolei umas palavras aqui e outras ali para tentar um diálogo minimamente organizado. Porque desde que fechara o intercâmbio, sabia qual estava destinada a ser minha sala de aula: a os iniciantes.

Provavelmente o dia mais curto na escola, passei cerca de uma hora com quem dividiria as manhãs pelas próximas duas semanas. Lembram que eu falei sobre os intercambistas de duas e três semanas? Então. Para os de duas semanas, era aquela turma e ponto. Mas para os de três semanas, a última delas seria com uma turma totalmente diferente.

Alguns eu já conhecia. A maioria, não. E como a grande parte deles não falava inglês, foi um pouco complicado estabelecer diálogos.

Um detalhe bem interessante é que, dentre todos os estudantes na Residência, a maioria falava inglês fluente. Logo, o inglês se tornou a língua oficial entre todos nós. Era bem mais prático e cômodo para quem dominava o idioma. Mas por outro lado, tínhamos quem não falavam nada de inglês – como a maioria dos italianos e turcos – , que consequentemente, fechavam-se em grupos pré-estabelecidos.

As aulas

Sem mais digressões, a sala tinha em torno de vinte alunos e uma professora com nome legal: Bahia! Sim, e depois descobri que este não é um nome incomum entre os franceses. Salvo algumas exceções, a sala era a mesma todos os dias. Com aulas das 09h ao meio dia, com quinze minutos de intervalo às 10h30.

A primeira parte da aula era voltada para gramática e conversação. Enquanto a segunda era totalmente cultural. Aprendíamos sobre os bairros de Paris, curiosidades sobre o país e a língua e gastronomia, para citar alguns dos temas. Era minha parte favorita.

Pulemos para o almoço e suas filas gigantescas e a mesma comida sem gosto. Ok. A comida não era ruim. Eu compreendo os motivos. Mas não me obriguem a falar que aquilo era a melhor comida do mundo. Pelo menos tinha crème brûlée de sobremesa todos os dias.

Atividades extras: conhecendo Paris!

Junto da papelada para imigração e derivados, recebi da minha agência de intercâmbio, antes de embarcar, um cronograma de atividades. Então eu já sabia que após o teste de manhã, almoçaria e sairia para conhecer o 9th Arrondissement.

Cerca de uma hora após o almoço, saímos, o grupo de três semanas, para conhecer a Opera Garnier, a Galeries Lafayette e o Museu do Perfume. Todos localizados no 9th Arrondissement de Paris, meu primeiro destino turístico para esse diário de intercâmbio em Paris.

Pegamos a linha 9 do metrô, sentido Pont des Sèvres, e descemos na estação Chaussée d’Antin – La Fayette. A estação fica entre a Opera e a Galeria, literalmente, mas há outras duas estações nos arredores. A Opéra, das linhas 3, 7 e 8 do metrô, e a Auber, da linha A do RER.

Metrô

Foi minha primeira vez no metrô de Paris e o sentimento fora bem agridoce. Por um lado, achei absurda a quantidade de linhas e estações de Paris. A expressão uma estação a cada esquina é quase real e um verdadeiro sonho de consumo para paulistanos.

Porém, se me permite elogiar o metrô de São Paulo, ele tem sim suas vantagens. É bem mais novo e as instalações, modernas. Infinitamente mais limpo. Apesar de travar bastante, não o faz tanto quanto o parisiense.

Um aspecto bem chocante foi me deparar com soldados com armas em punho diversas vezes. Não foi uma, duas ou três vezes. E ao contrário do que possa parecer, a sensação não é de segurança.

Sobre os preços, não posso falar nada. Afinal, estava incluso no pacote e diariamente, eu recebia os tickets das monitoras. A única coisa curiosa é que você precisa manter os papeizinhos brancos durante toda a viagem, passando-os novamente pela catraca na saída do metrô.

Outros detalhes interessantes para esse diário de intercâmbio em Paris. A quantidade astronômica de pessoas que pulam as catracas sem se importarem com o fato. Os azulejos. As pichações políticas. As pessoas que não esperam o metrô nos limites da plataforma porque (1) a maioria possui dois neurônios e entende que, primeiro, quem está no vagão precisa sair. E (2) o índice de pessoas empurrada aos trilhos é grande.

No mais, ele e eficiente e o melhor meio de transporte para conhecer Paris. Não percam tempo no trânsito que não te deixa esquecer de São Paulo.

Opera Garnier

A Academia Nationale de Musique, popularmente conhecida como Opera Garnier, foi a primeira companhia de ópera do país. Mas a gente lembra mesmo é de O Fantasma da Ópera e não tem problema nenhum. O prédio neobarroco, Palais Garnier, é um verdadeiro monumento. O dourado dos detalhes pode te cegar até em dias nublados, eu garanto.

Fachada da Opera Garnier

Infelizmente, não entrei para ver a beleza que as fotos me mostram, mas eu queria, e queria muito.

Foi a minha primeira vez em um ponto turístico no verão europeu. E a quantidade de gente era tão absurda. O número de de turistas é bem grande e isso tem um efeito colateral: furtos. Tomem cuidado. Já ouvi mais histórias do que gostaria.

Fachada lateral da Opera Garnier

Galeries Lafayette

Foi só atravessarmos a rua e a Galeries Lafayette estava lá.

Fachada da Galeries Lafayette

A gigantesca loja de departamentos conta com três prédios interligados. Nove andares. Um terraço e uma abóbada de vitrais tão maravilhosa quanto o restante da decoração dos prédios.

A composição das lojas é bem heterogênea. Você vai encontrar casacos Valentino e souvenirs de três euros, tudo depende de qual andar você está. Quanto mais alto, mais baixos os preços.

Cúpula de vitrais da Galeries Lafayette

Não tenho o costume de viajar para comprar, então não presto tanta atenção assim aos preços e variedades. Porque umas recordações para decorar meu quarto e um chaveiro para a minha coleção são o suficiente. Compro sempre um pouco mais do que isso? Sim. Costumo perder meu tempo enfiada em araras e prateleiras? Não.

Mas aos que não sabem, sou fascinada por moda, e desde que me entendo por gente, ela faz parte de cada passo que eu dou. Então, ver peças que nunca antes vira, materializar meus sets do Polyvore e tocar em um vestido Versace foi certamente emocionante.

Interior da Galeries Lafayette

Quer gastar seus euros mas o orçamento é curto? Recomendo outros lugares em Paris. Mas os últimos andares, principalmente em época de liquidações, podem satisfazem seus desejos. Eu fiquei contente com um chaveiro para o meu pai, um para uma amiga e uma garrafa d’água para tomar no terraço.

Terraço da Galeries Lafayette

Terraço, aliás, que tem a vista mais linda de Paris que eu conheci. Não adianta. A vista da Torre é fantástica, mas não mostra tão bem os telhados característicos de Paris. Nem a própria torre, convenhamos.

Vista do terraço da Galeries Lafayette para a Torre Eiffel

Ali do lado há uma grande lanchonete, então compre um croissant e um macarron. Sente-se na grama sintética. E aprecie a vista em um fim de tarde, mon amour, que também dá para a fachada da Ópera.

Terraço da Galeries Lafayette

Museu do Perfume

Nossa última parada no 9th Arrondissement foi o Musée du Parfum Fragonard. Localizado em uma mansão na Rue Scribe, ele conta a história do perfume em instalações tão charmosas quanto os produtos que você pode comprar na saída do museu.

Fachada do Musée du Parfum Fragonard

A visita guiada é bem gostosa e você sai de lá um expert em perfumes. E também com várias amostras em papel que eu juro, até hoje mantêm sua fragrância.

Primeiras impressões sobre Paris

Depois de conhecer parte do 11th e do 9th Arrondissement, conclui naquela noite que sim, parisienses fumam muito. E que inclusive, as bitucas de cigarro formam uma espécie de obra de arte dentro das grades sobre as raízes das árvores. Os prédios antigos parecem exalar um aroma que te teletransporta e até tranquiliza. A bicicleta é tão querida quanto nosso citado metrô.

No fim, as ruas podem ser mais limpas que as de São Paulo, mas não estão livres de papéis de bala e outras faltas de educação. O respeito às regras de trânsito pode ser maior, mas ainda há os que ultrapassam o farol vermelho. O metrô é lotado. Alguns não levantam para gestantes e idosos. As calçadas podem ser uma confusão.

Bastaram dois dias para eu entender o que o tão falado viralatismo significava. E é muito engraçado ver como eu mudei em apenas um mês morando longe do Brasil.

Dia 3 | Dia na Residência

O dia estava nublado e garoando. Dessa vez, fazendo-me vestir uma calça jeans e rezar para que não começasse a chover de verdade. O dia na escola – estava bem ansiosa para ele – , foi interessante, mas não falarei muito sobre gramática porque ninguém quer saber sobre os modos verbais do francês. Me limitarei a dizer que apesar de ter passado por três escolas de inglês até o momento, estudar em uma onde ninguém mais falaria português foi impactante.

Eu precisava me virar com o pouco francês que falava. Precisava me esforçar ao máximo para compreender o que me era dito. A essa altura do campeonato, já entendia boa parte das conversas. E também, o inglês era proibido. Mesmo que a professora entendesse, ela não consideraria.

Pode parecer chato e inútil para quem lê um diário de intercâmbio em Paris, mas lembremos que este foi um intercâmbio. E que, ao ficar dentro de casa depois da escola, arrumando o quarto, colocando roupas pra lavar e simplesmente lendo um livro enquanto o tempo passa, era o que dava o tom da viagem junto das aulas. Desculpas pelo gerúndio.

Rotina de intercâmbio em Paris

Mas a verdade é que não há muito o que detalhar sobre eles. Rotina normal durante a manhã. Almoço e resto da tarde e noite para fazer o que quiser dentro da Residência. Inclusive as atividades preparadas pelos monitores, que não eram obrigatórias, aliás.

Eu sempre preferia conversar com a minha família. Por conta das cinco horas de diferença de fuso, não era sempre que dava pra a gente se ver. O horário que minha mãe chegava do trabalho, por exemplo, era o horário do meu toque de recolher.

Além disso, sempre lia umas páginas do livro que levei – Inferno, do Dan Brown – . Arrumava o quarto com a Marina, minha roomie, porque em dias normais ele ficava uma bagunça absurda.

Livro Inferno de Dan Brown

Pedia sabão em pó compactado emprestado para as amigas italianas. Descia para tomar sol no pátio enquanto comia waffle da máquina do refeitório. E muito importante: ouvia conversas alheias para tentar aprimorar a língua.

Jardim interno da Fondation Eugène Napoleón, onde morei no intercâmbio em Paris, com um coelho

Links úteis: diário de intercâmbio em Paris

Alitalia

Air France

Experimento Intercâmbio Cultural

CI Intercâmbio

CEI – Centre d’échanges Internationaux

Galeries Lafayette

Musée du Parfum

Opera Garnier

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