Cinco dias em Santiago: como montar o seu roteiro (incluindo passeios a cidades próximas!)
Quer ir para Santiago e não sabe por onde começar? Aqui eu te ajudo com todas as informações que você precisa para montar um roteiro de cinco dias em Santiago.
Chile, no geral: clima, moeda, língua, regras e curiosidades
Localizado na América do Sul, o Chile é um território estreito e comprido, dividido em 16 regiões. Além disso, ele encontra o Pacífico a oeste, a Argentina e a Bolívia a leste e o Peru a norte. Falando em geografia, seu clima é fortemente influenciado tanto pelo oceano quanto pela Cordilheira dos Andes, sua fronteira natural. De norte ao sul, encontramos os climas árido, temperado e alpino, com direito ao deserto mais seco do mundo e geleiras.
Sim, a amplitude térmica pode ser bem grande, mas vamos nos ater às constâncias. O idioma é o espanhol, enquanto a moeda é o peso chileno e a sua história é bem semelhante a de todos os outros países da América Latina, em especial a espanhola.
No mais, algumas curiosidades que você pode querer saber são: o país é o maior exportador de cobre do mundo, andar sem camisa em locais públicos é proibido, e tomar bebidas álcoolicas (em público), também. Falando em hábitos alimentares, chilenos colocam abacate salgado em tudo – principalmente no cachorro-quente, e uma comida de rua bem comum é o pastel de choclo, feito de milho. Além disso, o prédio mais alto da América Latina fica em Santiago, e a maior piscina do mundo, a alguns quilômetros de distância, em Algarrobo.
Santiago: como montar o seu roteiro?
Região de Lastarria, no centro de Santiago
Agora que você já sabe o básico do Chile, vamos focar na sua capital, Santiago. Ela fica no centro do país e atrai muitos turistas todos os anos. No geral, ela é mais usada como cidade base do que como destino turístico em si, o que não significa que ela é vazia.
A verdade é que os seus arredores reúnem uma série de pontos turístico, que vão desde o Oceano Pacífico, uma grande atração para brasileiros, até parques de neve na Cordilheira dos Andes – passando por uma série de vinícolas. Por isso, saiba que ir para Santiago, algo mais comum para brasileiros do que para turistas de outros países, significa levar todos esses lugares em consideração. Porque você vai querer conhecê-los.
Laguna del Inca, em Portillo
O primeiro passo é compreender o que é possível fazer na cidade e arredores, e o que te interessa. Leve em consideração o que te levou a escolher esse destino e o que te atrai em viagens, sem esquecer do tempo disponível em Santiago e a estação do ano. Lembram que eu comentei sobre os climas e a amplitude térmica?
Os parques de neve, por exemplo, só funcionam durante o inverno. Mas outros passeios na Cordilheira dos Andes, como Portillo, podem ser visitados o ano inteiro. Só que a paisagem estará completamente diferente, sem neve.
Além disso, já fique sabendo que muitos passeios precisam de agências de turismo para acontecer, e esse fator me leva a comentar sobre outro: seu orçamento. O grande leque de opções vai te deixar doido para fechar todos os passeios possíveis, mas não se esqueça de respeitar seu dinheiro. Porque o Chile não é barato.
Entendendo Santiago: um pouquinho sobre hospedagem
Centro de Santiago
Dito isso, falemos sobre hospedagem. Se você já conhece outras capitais da América Latina, ou São Paulo e Rio de Janeiro, você já sabe da lógica básica de Santiago. Eu gosto de mencionar que o Brasil não é um país solto no mundo e à deriva. Por mais que pareça, a verdade é que ele está inserido em um contexto. O contexto da América do Sul. E seu urbanismo está incluso nessa equação.
Em um breve resumo, a Santiago turística pode ser dividida em Centro Histórico e bairros de classe média alta. Você vai querer conhecer o primeiro, mas vai se hospedar nos segundos. Pelos mesmos motivos que você fica na Recoleta quando vai a Buenos Aires ou não quer dormir em um hotel no centro do Rio. Segurança.
Centros ficam vazios durante à noite e não são muito seguros – aliás, a segurança é uma questão em Santiago, então tome as mesmas medidas que você toma no Brasil. Por isso, os principais bairros para hospedagem são Lastarria, Bellavista, Providencia e Las Condes, em ordem de menor para maior distância do centro.
Bairro da Providencia, onde eu fiquei hospedada
Aqui eu recomendo o básico. Fique perto de uma estação de metrô, de preferência em uma via movimentada que possua uma ótima estrutura nos arredores. Por estrutura, entenda uma grande oferta de serviços, com mercados, farmácias, restaurantes, cafés e qualquer outro estabelecimento que seja importante para você durante uma viagem.
Também leve em consideração o seu perfil de viajante. Se você quer conhecer museus e todo o Centro Histórico, fique mais perto do centro. Gosta de vida noturna? Recomendo a Bellavista. Prefere o circuito gastronômico, Providencia. É claro, sempre lembrando do seu orçamento e da sua lista de necessidades em uma acomodação. Eu, por exemplo, só reservo locais com cancelamento gratuito, o que pode reduzir bastante a sua lista de opções em Santiago.
Eu fiquei no Newen Kara Hostel, na Providencia, e já falei tudo sobre ele nesse post aqui. Inclusive, se você quer mais detalhes sobre acomodações no Chile, recomendo fortemente ler esse meu texto.
Como se locomover em Santiago?
Linha 1 – Vermelha
Para o seu roteiro de cinco dias em Santiago, não se esqueça de pensar nos meios de locomoção. O sistema de transporte público de Santiago é o suficiente para qualquer turista. Com uma rede de ônibus e metrô, ele cobre os principais pontos visitados, então você não precisa alugar um carro ou pegar táxis e carros particulares. A não ser que você queira.
E caso essa seja a sua decisão, tome alguns cuidados. Golpes por taxistas da cidade são extremamente comuns, especialmente com turistas, e eu conheço várias pessoas que já ficaram no prejuízo por causa disso. Enquanto isso, aplicativos de transporte não são regulamentados na cidade, então escolhê-los vai da sua conta e risco. Muita gente usa e não tem problema nenhum, mas eu não usei. Nem aconselho isso para quem viaja sozinha.
Ônibus e metrô
Voltando ao transporte público, você encontra dezenas de linhas de ônibus e sete de metrô que cruzam a cidade. E para usá-las você vai precisar de um cartão, o Bip! Ele funciona como um Bilhete Único ou RioCard, e para fazê-lo, basta solicitar o cartão nos guichês de alguma estação de metrô. O Bip! em si custa 1.550 pesos, ou seja, você precisa pagar o valor do cartão e fazer recargas para poder utilizá-lo. Nesse caso, consulte a tabela de valores para saber quanto a sua passagem vai custar – ela varia de acordo com horários e integrações com ônibus.
Com um Bip! carregado na mão, você conhece tudo o que quiser em Santiago. Desde que entenda o funcionamento do metrô e perceba que algumas linhas operam com vagões alternados. Enquanto alguns cobrem as estaçãoes A e C, por exemplo, outros só vão parar nas estações B e D. E assim por diante.
Coloque suas pernas pra jogo
Parque Forestal, no centro de Santiago
Por fim, queria ressaltar que andar é uma opção muito viável na capital do Chile. Por mais que alguns pontos específicos sejam altos, toda a cidade é plana, então, use e abuse dos seus pés! No meu primeiro dia, fiz todos os trajetos a pé. O que inclui ir da Providencia até o centro, andar tuuuudo pela região e voltar. Foram mais de 20 quilômetros percorridos, e eu não me arrependo dessa decisão.
Caminhar é uma ótima forma de conhecer lugares novos. Você presta atenção em detalhes que desaparecem dentro dos carros. Se camufla com a multidão. Decide entrar em uma rua que viu aqui e uma loja que chamou a atenção lá. Seu corpo entra na cidade. E isso é lindo.
O que fazer em Santiago? Museus, centro histórico, parques, shoppings e mais
Museo Nacional de Bellas Artes, no Parque Forestal
Agora que você já sabe todos os aspectos práticos de Santiago, vamos às atrações da cidade em si. Eu diria que boa parte do turismo da capital é focada na história e cultura de Santiago e do país. Com um Centro Histórico cheio de edifícios lindinhos, Santiago conta com uma série de museus e pontos turísticos que provavelmente vão te atrair.
Mas além disso, gosto de destacar os parques e áreas ao ar livre da cidade. Além dos passeios para admirar a vista de Santiago e a Cordilheira dos Andes, que abraça todos os prédios e vai estar a um olhar de distância sempre, independente de onde você estiver.
Para conhecer todos esses lugares, cujos destaques mencionarei daqui a pouco, eu recomendo três dias inteiros. Logo, sobrariam dois dias inteiros para os passeios nos arredores, então cabe a você decidir como fazer essa divisão. Eu passei dois dias na capital e três nos arredores, e fiquei feliz com a a minha escolha. Mas termine de ler o texto antes de tomar essa decisão, ok?
Separemos a cidade por atrações:
Cerros e passeios para admirar a paisagem de Santiago
Santiago tem duas colinas bem conhecidas: o Cerro San Cristobal e o Cerro Santa Lucia. Eles estão em todos os roteiros de viagem tanto pela vista da cidade (e da Cordilheira) quanto pela atração história. Não fui a nenhum dos dois por ter priorizado museus, porém, em uma segunda ida a Santiago, os incluirei no roteiro.
Os dois ficam no centro da cidade e são de fácil acesso. Começando pelo Cerro San Cristobal, ele fica dentro do Parque Metropolitano de Santiago, passando por vários bairros da cidade, como a Providencia e a Recoleta. Para chegar até lá, as estações de metrô mais próximas são a Baquedano e a Patronado, contudo, é bem provável que uma curta caminhada entre seu hotel e o parque resolva a questão do deslocamento.
Para chegar até o topo, você pode pegar o funicular ou fazer as trilhas – é recomendado tomar cuidado, assaltos não são raros. No meio do caminho você vai encontrar mirantes, um zoológico, uma capela, piscinas… Atividades não faltam por ali! A entrada não é gratuita, mas é barata: você encontra os preços atualizados aqui.
O Cerro Santa Lucia pode aparecer para você num susto. Caminhando nas proximidades do Museo Nacional de Bellas Artes, ele surge. Uma feirinha de souvenirs indica que ele está logo ali atrás, no meio da confusão do centro da cidade.
Com uma grande importância histórica, ele foi por muito tempo usado como uma fortaleza para os colonizadores, e ao longo do tempo construções foram levantadas e reformadas por ali. As mais icônicas são o Terraço Neptuno, a Torre Mirador, o Castillo Hidalgo e o Jardín Japonés.
Para chegar até lá, desça na estação Universidad Católica ou na Santa Lucia. A entrada é gratuita, e ele fica aberto todos os dias das 09h às 19h. Assim como no San Cristobal, é recomendado tomar cuidado com os seus pertences.
Por fim, o Sky Costanera é o mais alto edifício da América Latina, com 300 metros de altura. Ele fica no bairro da Providencia, dentro do complexo Costanera Center, e pode ser visitado. A um preço bem salgadinho: 15.000 pesos para ver a cidade das alturas. Eu não achei que compensava, afinal, isso estava dando mais de R$ 200 na época que estava em Santiago. Mas tudo depende das suas prioridades.
Museus e edifícios históricos
Catedral Metropolitana de Santiago, na Plaza de Armas
O centro de Santiago é um prato cheio para quem gosta de história – e de museus. Os arredores da Plaza de Armas são um verdadeiro paraíso, com direito à Catedral Metropolitana, cuja entrada é gratuita, o Museo Historico Nacional, que também é de graça, e o Museo Chileno de Arte Precolombino, para o qual você vai dar seus pesos sem pestanejar.
Ainda na região do centro histórico, mas um pouquinho mais afastado do centro histórico, você encontra o Mercado Central de Santiago, igualzinho ao Mercado del Puerto de Montevidéu – ou o Mercadão de São Paulo, o Centro Cultural Estación Mapocho e o Museo Nacional de Bellas Artes.
Mercado Central
Um pouquinho mais ao sul ficam o Palacio de la Moneda, sede da Presidência da República do Chile, o Museo Masónico, e o Palacio de la Alhambra.
Esse é o raio-x de pontos turísticos do centro histórico. Mas por favor, não se atenha só a eles. Ande bastante. Observe os prédios. As pessoas. As rotinas. Escute conversas. E os barulhos. Entenda os semáforos. Converse com os cachorros de rua e suas roupinhas. Reflita sobre o sistema de pontos de ônibus de Santiago. E se tiver disposição, caminhe até a região do Parque Quinta Normal.
Parque Quinta Normal
A caminhada vai ser bem gostosa, mas a região pode ser um pouco deserta, então coloque essa questão na balança, lembrando que Santiago não é a cidade mais segura do mundo. Eu fiz o trajeto contrário e não me arrependo. Fiquei apreensiva em alguns momentos, mas no geral, aproveitei para admirar as casinhas da região de Yungay.
No fim, você vai encontrar uma série de museus dentro do Parque. Tem o Museo Nacional de Historia Natural, que é mil vezes incrível e tem a ossada de uma baleia em uma das salas. Minha experiência nele foi maravilhosa, mas isso eu conto depois. Outros centros culturais dentro do complexo são o Museo de Ciencia y Tecnologia, a Corporación Cultural Balmaceda Arte Joven e o Museo Ferroviario de Santiago.
Museo Nacional de Historia Natural
Mas a região ainda conta com o Museo de La Memoria y Los Derechos Humanos. Se eu só pudesse conhecer um lugar em Santiago, esse museu seria a minha escolha. Ele me fez chorar. Pensar demais. Sentir raiva. Dor. Ódio. Compaixão. Empatia. Identificação.
Esse museu conta a história da ditadura de Pinochet e é tão duro quanto um museu sobre um ditadura precisa ser. Porém, mais do que isso, ele é um ode aos direitos humanos. E a tudo de positivo que quiçá ainda pode surgir nesse mundo.
Museo de la Memoria y los Derechos Humanos
A entrada é gratuita, mas você pode fazer doações. O que eu recomendo fortemente.
Parques
Como já estamos falando do Parque Quinta Normal, podemos seguir com o tema, não acham? O parque em questão é lindo. Grande, super bem cuidado, espaçoso e cheio de atividades legais. Mas ele não é o único. Santiago conta com uma série de espaços ao ar livre, e vale a pena conhecê-los!
Bem no centro nós temos o Parque Forestal e o Parque Balmaceda, onde fica o Museo Nacional de Bellas Artes. Ali também ficam o parque do Cerro Santa Lucia e o Parque Metropolitano, onde está o Cerro San Cristóbal. Margeando o Rio Mapocho, atrás do Centro Cultural de mesmo nome, ficam os parque de la Família e de los Reyes.
Parque Forestal
Seguindo rumo à Providencia, você encontra pelo caminho o Parque San Borja, o Parque Bustamante e o Parque Inés de Soares. Por fim, o famoso Parque Bicentenario, que é gigante e conta com vários atrativos.
Shoppings e compras
Eu sou uma péssima pessoa para indicar locais de compra. Simplesmente não faço isso quando viajo. Mas dessa vez, conheci um shopping em Santiago! O Mall Costanera Center. Ele fica do lado do Sky Costanera, é gigantesco e dá descontos para turistas! Basta apresentar seu passaporte/RG no balcão de informações que a mágica acontece.
Mas eu não sei dizer se, na prática, vale a pena. Porque tudo o que eu fiz foi almoçar na praça de alimentação, no lugar mais barato que eu achei. No caso, foi o La Quincha. Ele é bem simples e no estilo “refeição completa fast food”. Mas vale a pena para quem quer economizar a qualquer custo.
Contudo, depois de muito andar pelo lugar posso afirmar que opções não vão faltar. E eu amo analisar praças de alimentação para ter uma noção de como é a alimentação das cidades que eu visito! O mesmo vale para as lojas de shopping. Tudo bem, eu realmente prefiro as lojas de rua, mas às vezes a gente só quer aproveitar o aquecimento (ou ar condicionado) de um shopping.
Além do Costanera, outro shopping bem conhecido e procurado por turistas em Santiago é o Parque Arauco, em Las Condes! A estação de metrô mais próxima é a Manquehue.
Os arredores da cidade
Viña del Mar
Como eu já adiantei, os arredores de Santiago são seu grande atrativo para boa parte dos turistas. E eu dividiria as opções em vinícolas, passeios de neve e litoral.
Vínícolas
Eu dispensei as vinícolas na minha viagem. De todos os passeios possíveis, eu dei prioridade à neve e ao Pacífico, que eu não conhecia até então. Deixei os vinhos para uma próxima oportunidade, mas falemos um pouco desses passeios.
Como quase tudo no Chile, você pode contratar uma agência de turismo ou pegar um carro alugado e dirigir até as vinícolas. Tudo vai do seu orçamento, vontade e disponibilidade para segurar o volante. Eu sempre prefiro passeios independentes, mas como não tenho a menor experiência com as vinícolas – no Uruguai, não tive tempo para explorá-las, e na Argentina também não – prefiro não emitir opiniões sobre a questão.
Se você quer conhecer vinícolas sozinho, recomendo esse post do Viaje na Viagem. Se prefere agências, eu só posso indicar a Destino Chile, com a qual fui para Portillo. Mas Santiago conta com uma série de outros serviços de turismo para os interessados.
Estações de ski e passeios de neve
Temos quatro grandes opções para quem quer ver a neve nas proximidade da capital chilena, sendo que duas são focadas em atividades de neve e duas em admirar a natureza. Do primeiro lado temos o Valle Nevado e Farellones, e do outro, Portillo e Cajón del Maipo.
Além disso, outra opção de neve é a estação La Parva, focada em esportes de neve. Ela, no entanto, não costuma estar nos passeios oferecidos por agências.
Farellones
Ele é um verdadeiro parque de diversões na neve. Indicado para quem quer conhecer a neve e se divertir, Farellones faz parte do complexo El Colorado e custa por volta de R$ 200 a entrada. Ele é recomendado para quem não está a fim de esquiar (por mais que você também possa fazer isso), mas de andar de teleférico e derivados. Para chegar até lá, você pode contratar uma agência ou usar os serviços de transfer (pago) da estação.
Dirigir até lá não é indicado. Subir a Cordilheira e encarar uma série de curvas pode ser perigoso, né. Só faça isso se tiver experiência, por favor.
Valle Nevado
Por outro lado, o Valle Nevado é mais voltado para os amantes do ski. E para aqueles que querem um visual incrível da Cordilheira. Mas Portillo e Cajón del Malpo também vão te oferecer isso. No caso do Valle Nevado, você pode passar o dia ou se hospedar no hotel. A boa notícia é que, diferentemente de Farellones, você não pagar para entrar na estação. O que é diferente de pagar para usar as instalações e praticar esportes.
Além disso, a recomendação de acesso a Farellones se mantém por aqui. Não se arrisque sozinho em meio à Cordilheira.
Portillo
Laguna del Inca, em Portillo
Esse passeio se popularizou ainda mais na metade de 2019, quando um triste acidente em Cajón del Maipo fechou o local para visitação. Por isso, as agências passaram a ofertar Portillo como alternativa – e deu certo.
Portillo é, na realidade, um resort de ski no meio da Cordilheira dos Andes, a pouquíssimos quilômetros da fronteira com a Argentina. Contudo, a maior atração do local não está na estação de ski, mas sim na Laguna del Inca, uma lagoa aburdamente linda incrustada no meio das montanhas.
O passeio dura o dia todo e diversas agências o oferecem – eu recomendo a Destino Chile. Basicamente, o guia te busca beeem cedinho e você passa toda a manhã na estrada, aproveitando uma vista absurda, com direito a uma parada para o aluguel de roupas de neve, até chegar ao resort. Lá, você se mistura com centenas de turistas que também querem ver a lagoa e tirar várias fotos com elas. E é aqui que as agências se dividem.
Algumas permanecem em Portillo por mais tempo, te dando a opção de almoçar no hotel (valor por sua conta). A maioria, por outro lado, vai embora. E isso pode ser muito bom caso a sua agência fique, porque durante o período do almoço, a lagoa fica sem ninguém em seu mirante. Então você pode admirar e tirar fotos à vontade.
É importante frisar que visitantes só podem entrar no restaurante do hotel acompanhados por guias autorizados. E nem todas as agências possuem essa autorização. Além disso, queria fazer algumas recomendações sobre roupas. No inverno, a sensação térmica chega perto dos -20ºC em Portillo, por isso, vá BEM agasalhado.
Eu fui com todas as roupas que consegui vestir, o que pode ser traduzido em uma blusa térmica, uma blusa fleece, um suéter quente, uma jaqueta puffer, um casaco, uma calça térmica, uma meia-calça, uma calça legging, um jeans, uma meia de ski, uma meia de trilha e uma bota. E duas luvas.
Com medo de congelar, aluguei uma bota no meio do caminho, e foi o suficiente. A moral da história é: não gaste dinheiro sem necessidade. Use as roupas que você levou para a viagem e, no máximo, alugue uma bota (e um bastão para não cair na neve).
Cajón del Maipo
O cânion é um dos passeios mais procurados da região de Santiago. Com uma enorme – e linda – represa, a Embase el Yeso, fica fácil entender o motivo. Assim como Portillo, ele fica no meio da Cordilheira e é cercado pela neve. O lugar era um dos que eu mais queria conhecer no Chile. Até que um acidente terrível matou duas crianças brasileiras durante uma excursão.
Em julho de 2019, quando estive em Santiago, o passeio estava proibido – e o Embase, fechado. Rochas que despencaram das montanhas atingiram as crianças, e então, a falta de segurança do local chamou a atenção das autoridades. Ele não voltou a ser reaberto para turistas, e não se sabe se as agências vão retornar com o passeio. De acordo com guias locais, tudo deve se manter fechado pelo menos até medidas de segurança serem reforçadas nas imediações.
Litoral
Valparaíso e Viña del Mar
Os destinos litorâneos mais clichês de Santiago e região são Valparaíso e Viña del Mar. As cidades beiram o Pacífico e são vizinhas, então você pode conhecê-las em um dia só. O que é uma experiência muito rica e interessante, tendo em vista que elas são diametralmente opostas.
Como chegar?
Caminho de Santiago a Valparaíso, de ônibus
Você chega até o Pacífico com agências ou sem. Se optar pelo passeio solo, pode alugar um carro ou ir de ônibus, o que é mais recomendado. Vá de metrô até a estação Pajaritos, se dirija ao terminal rodoviário e compre, na hora, as suas passagens de ida e volta. Dica: você pode voltar para Santiago de qualquer uma das cidades, então compre a passagem de ida para uma das duas, use o metrô para se deslocar entre elas e, no fim do dia, valide sua passagem na rodoviária escolhida para retornar.
As duas empresas que fazem esse trajeto, que não dura nem uma hora e meia, são a Turbus e a Pullman Bus. Eu fiz tudo com a Turbus e a recomendo bastante, mas pelo que fiquei sabendo, as duas são bem semelhantes.
Valpo e Viña
Eu, particularmente, gostei mil vezes mais de Valparaíso do que de Viña del Mar. Mas isso é questão de gosto. Falarei mais delas em um post específico, mas já adianto que Valpo é histórica, política e me passa a sensação de efetivamente estar viva.
Como um ótimo retrato da América Latina, ela me conquistou nos primeiros segundos depois que saí da rodoviária e fui jogava em uma cidade vibrante. Para cima e para baixo, no porto ou nos museus, ela ganhou meu coração.
Catedral de Valparaíso
Por outro lado, Viña é um balneário organizadinho, majoritariamente plano, com ruas quadradas e prédios sem muito apelo arquitetônico ou histórico. É uma cidade linda? Com certeza, e suas vistas para o Pacífico são incomparáveis. Mas não vi muita autenticidade.
Viña del Mar
Metrô Valparaíso
Enfim, a minha recomendação é visitar as duas. Suas diferenças e semelhantes ficam ainda mais claras quando você as conhece com poucos minutos de diferença. E isso é possível por causa do metrô que une as cidades – você pode acessá-lo usando o cartão Metroval. O processo é o mesmo do Bip! Você compra na estação, carrega com o valor que vai precisar e pronto. Agora é só esperar na plataforma.
Plataforma da estação Bellavista (Linha 1 – Azul), em Valparaíso
Isla Negra
Outra opção de passeio litorâneao é a Isla Negra, que pode ser combinada com a cidade de Algarrobo (lembra da maior piscina do mundo?), Pomaire e outras localidades próximas.
Se em Viña del Mar você pode tomar sol e até tomar um banho de mar, em Isla Negra os atrativos são diferentes. As praias de pedra continuam lindas, mas a protagonista da cidade é a Casa de Isla Negra, uma das casas de Pablo Neruda no Chile.
Outros passeios nas imediações de Santiago
Anote aí alguns passeios extras para fazer:
- Termas Valle de Colina: piscinas de águas termais localizadas no meio da Cordilheira, na região de Cajón del Maipo. Só funcionam durante o verão.
- Templo Bahá´í: templo espiritual da religião Bahá´í.
Santiago Lado B
Sim, eu sou aquela pessoa que gosta de conhecer os lugares menos turísticos das cidades que visito. Mas nem sempre tenho tempo hábil para isso. Em Santiago, o máximo que consegui foi andar por ruas residenciais de Providencia. Mas queria ter feito mais.
Por isso, deixo aqui a sugestão de roteiro alternativo do Janelas Abertas. Ele é um que eu quero fazer quando voltar.
Sugestão de roteiro de cinco dias em Santiago
Palacio de la Moneda
Se eu posso te dar uma sugestão de roteiro, ela é essa aqui. Começar e terminar por Santiago pode ser uma boa ideia para não enlouquecer com trajetos. Eu, pelo menos, gosto de colocar os passeios “externos” entre dois dias na cidade-base, porque isso me dá alguma estabilidade e tempo para lidar com imprevistos.
Um exemplo é o potencial atraso ou cancelamento de um voo. Se eu marco um passeio, com agência, para o dia da chegada na cidade, ou no dia seguinte, corro o risco de perder o agendamento.
Mas é claro, tudo depende do seu tempo e da sua dinâmica de viagem 😉
Primeiro dia: Santiago
Segundo dia: Passeio de neve/Cordilheira
Terceiro dia: Litoral
Quarto dia: Vinícola
Quinto dia: Santiago
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