Portillo vale a pena? Tudo sobre o passeio perto de Santiago
Cordilheira dos Andes, montanhas indescritíveis, uma lagoa cheia de mistérios, neve no inverno, azul turquesa no verão. Afinal de contas, será que Portillo vale a pena?
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Afinal, que passeio é esse?
Se você foi para o Chile antes de 2019, ou pensou em viajar para o país antes desse ano, e só voltou a pensar nisso agora, deve estar se perguntando que passeio é esse. Por mais que ele exista há muito tempo, ele se popularizou mesmo no inverno de 2019, por um motivo bem triste, para dizer o mínimo.
Anteriormente, a menina dos olhos as agências turísticas de Santiago era o Embase el Yeso. O reservatório de águas profundas e esverdeadas, emolduradas pelos Andes, fica na região de Cajón del Maipo e é realmente impressionante. Em resumo, ele fez parte do roteiro de viagem da maioria dos turistas de visitaram a capital chilena até 2019, pode apostar, até que uma tragédia aconteceu em meados de junho daquele ano.
Rochas se soltaram das montanhas da região, atingindo e matando duas crianças brasileiras que passeavam por ali. Desse modo, o terrível acidente fez com que Embalse el Yeso ficasse fechado por muito tempo, e só reabrisse tempos depois, em períodos específicos. Agora, é proibido entrar no local nos meses mais frios, por conta dos riscos da neve.
Então, se a agência que você está orçando te ofereceu o passeio para julho, fuja. Ela não está interessada na sua segurança ou na dos próprios funcionários.
Portillo como alternativa
Desde a tragédia, as agências de Santiago começaram a oferecer alternativas aos turistas. Além de Farellones e Valle Nevado, que são mais voltados para esportes e atividades de neve, havia outra lagoa bem bonita na região. A Laguna del Inca.
Em síntese, ela fica dentro do hotel e estação de esqui Ski Portillo, o centro de esqui mais antigo da América Latina, incrustada nos Andes em uma paisagem de tirar o fôlego. Parecia o substituto perfeito para as águas também turquesas e as montanhas também andinas de Embalse el Yeso. E foi exatamente isso o que aconteceu.
Leia também: Onde ver neve em Santiago: 6 opções perto da capital do Chile
Portillo vale a pena?
A partir de junho de 2019, o passeio se popularizou e ganhou a fama que realmente merece. Inclusive, eu só fiquei sabendo dele porque o acidente aconteceu poucas semanas antes da minha viagem para o Chile. Naquele momento, as agências começavam a falar dele como alternativa para Cajón del Maipo, e eu me encantei pelas fotos. Resolvi ir. E agora vou te contar por que, sim, Portillo vale a pena.
Como chegar em Portillo?
Primeiramente, precisamos entender a logística do passeio e como ele funciona. Você já sabe que estamos falando da Laguna del Inca, que fica dentro de um hotel de esqui, chamado Portillo. Então, como fazer para chegar lá?
Em suma, o passeio é amplamente oferecido por agências e operadores turísticos locais, e eu considero essa a melhor maneira de chegar até a lagoa.
Isso porque, apesar de ser possível dirigir, o caminho não é simples, passa por um dos trechos rodoviários mais complexos do mundo, Los Caracoles, e fica ainda pior se estiver nevando. Inclusive, antes de alugar um carro no inverno chileno, pergunte-se se você tem experiência dirigindo na neve.
Lembrando que, para passeios mais complexos e que exigem muita segurança, como Portillo, é fundamental checar as credenciais da agência e se ela terceiriza passeios. Caso isso aconteça, tome cuidado, porque você não saberá exatamente com quem vai subir a Cordilheira.
Enfim, outra possibilidade é se hospedar, de fato, no hotel. Hóspedes têm acesso irrestrito à lagoa, além de todas as comodidades e esportes de neve, além de transfer pago desde Santiago.
Portillo vale a pena sozinha?
Sim, dá pra ir sozinha para Portillo e foi exatamente o que eu fiz. Afinal, estava viajando sozinha pelo Chile em 2019, e ter passeios em grupo era um dos pontos mais legais do turismo em Santiago. Apesar de também contarem com passeios privativos, a maioria dos tours das agências são em grupo.
No geral, eles vão passar no seu hotel para te buscar de van e fazer a mesma coisa com os outros clientes. Com todos embarcados, o passeio começa. Aliás, essa pode ser uma boa oportunidade para conhecer pessoas novas e fazer amigos viajando sozinha. Desde que, é claro, você queira.
Qual o roteiro feito pelas agências?
Então, o que acontece no passeio? Você só visita a Laguna del Inca? Como é o trajeto?
Antes de mais nada, você precisa saber que os roteiros variam de agência para agência. Logo, o que eu colocarei aqui contempla o que eu fiz, há quase seis anos, e o que as operadoras estão oferecendo atualmente, em média.
Com isso em mente, o ideal é sempre pedir o roteiro completo para as agências na hora de avaliar o passeio. Assim, você saberá exatamente o que esperar de Portillo.
Enfim, esse é um passeio de dia inteiro. Depois de pegar a van da agência, você vai seguir até, provavelmente, uma loja de aluguel de roupas e sapatos de neve, caso precise. Eu só aluguei uma bota e valeu a pena. Além disso, nessa parada também é possível tomar café da manhã, o que geralmente não está incluído no valor do passeio.
Prosseguindo, os tours também costumam fazer algumas paradas.
1 – Ruta Los Libertadores
O caminho começa, de fato, na Ruta Los Libertadores. Ela vai te levar para a primeira parada oficial do passeio, que tem tudo a ver com o nome da rodovia.
2 – Monumento de Chacabuco e Mirador del Aconcagua
Ele é o Monumento de Chacabuco. Localizado na comuna de Lampa, é uma homenagem à vitória do chile na Batalha de Chacabuco. Lá, você vai aprender que a batalha ocorreu em 1817, e é extremamente importante por ter significado o fim da reconquista espanhola no país.
Na região, também é possível que a agência pare em um mirante para o Aconcágua. Que é apenas a montanha mais alta do mundo fora da Ásia, localizada na Argentina, pertinho da fronteira chilena.
3 – Salto del Soldado
Contudo, as referências às disputas entre chilenos e espanhóis não para por aí. Conforme você começar a subir a Cordilheira e ficar de queixo caído com a paisagem, com montanhas absurdas a perder de vista, você vai parar novamente.
Dessa vez, no Salto del Soldado. De acordo com as lendas locais, essa enorme fenda nos Andes ficou famosa por conta de um episódio entre patriotas e espanhóis. Afinal de contas, dizem que um soldado chileno só conseguiu fugir dos colonizadores por saltar sobre a fenda.
4 – Los Caracoles e fronteira com a Argentina
Depois, a aventura fica ainda mais emocionante com Los Caracoles. Talvez você já tenha visto essa imagem na internet, e sim, você vai passar por ela para chegar até Portillo.
Estamos falando de uma estrada em zigue-zague. Que serpenteia no meio dos Andes de forma não muito segura, com caminhões passando a todo momento, afinal, ela faz parte da rota Chile-Argentina, e um visual de tirar o fôlego.
Há paradas para fotos, que talvez aconteçam na ida ou na volta, e a possibilidade da agência te levar até a fronteira com a Argentina.
5 – Laguna del Inca
Enfim, a última parada é, de fato, Portillo.
Você vai chegar na Laguna del Inca junto de muitas outras agências, tenha certeza. Especialmente no inverno, a entrada da estação de esqui fica lotada de turistas, e é bem simples chegar até a lagoa. Os ônibus e vans param no estacionamento. E a poucos metros você vai identificar o icônico prédio amarelo do hotel, e o mirante para a lagoa.
Porém, deixarei aqui a dica do guia que me levou até lá. Vale mais a pena parar para almoçar, no restaurante do hotel, e deixar para contemplar a lagoa depois do almoço. Isso tudo justamente por conta da quantidade de turistas. A maior parte das agências chega, deixa os clientes livres por meia hora para brincar na neve e admirar a Laguna del Inca. Depois, vão embora.
Caso a sua agência deixe tempo para você almoçar por lá, o que não está incluso no pacote e não é barato, mas nada absurdo, vale a pena seguir essa recomendação. Você terá o mirante para a Laguna del Inca todo para você, com silêncio, paz, e a possibilidade de contemplar esse lugar inacreditável. Inclusive, se você for fora da temporada, poderá chegar bem pertinho das águas turquesas da lagoa.
A lenda que explica a lagoa
Ver as montanhas cheias de neve ao redor as águas congeladas é uma experiência única. Uma paisagem absurda, que parece ter sido pintada à mão, mas que na realidade tem uma história bem mais interessante. De acordo com uma lenda inca, ela está relacionada com um triste caso de amor.
O príncipe Illi Yupanqui e a princesa Kora-Ilé, muito apaixonados, estavam prestes a se casar em um local bem próximo da lagoa. Porém, ela morreu durante a cerimônia, deixando o príncipe devastado e convencido de que ela precisava de um sepultamento digno.
Para isso, ele resolveu que ela deveria descansar na lagoa, que só seria verde, hoje em dia, graças à cor dos olhos de Kora-Ilé.
6 – Almoço ou piquenine
Por fim, os passeios podem terminar com um almoço no restaurante do hotel, como já mencionei, ou com um piquenique. Este costuma acontecer em outros mirantes na Cordilheira e, por sua vez, provavelmente estarão incluídos no seu pacote.
O que fazer em Portillo?
No geral, o Ski Portillo não tem muitas atrações para quem não é hóspede e só vai visitar a Laguna del Inca. Além de admirar a Cordilheira e a lagoa em si, o que já é um passeio e tanto, você pode brincar na neve, caso vá no inverno, e almoçar no restaurante do hotel.
Porém, lembre-se que o passeio inclui muitas outras paradas, além da lagoa ser surpreendente o suficiente para fazer a visita valer a pena.
O hotel de Portillo vale a pena?
Para finalizar, talvez você tenha ficado com vontade de se hospedar no hotel Ski Portillo. Será que vale a pena?
Se você gosta de bons hotéis, gastronomia, atividades de férias e, principalmente, de esquiar e praticar esportes de neve, você vai adorar a experiência. Além de ter a lagoa ali do lado, e ela fazer parte da vista de alguns dos quartos, o hotel é muito bem avaliado e pode ser uma ótima oportunidade para férias de inverno.
Enfim, deu para perceber que sim, Portillo vale a pena, certo? Esse foi o meu passeio favorito em Santiago, e a Laguna del Inca é para sempre uma das paisagens mais lindas que eu já vi.
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